O Governo da região semiautónoma chinesa de Macau demonstrou, esta sexta-feira, dúvidas sobre o futuro da profissão dos vendedores nos mercados, numa altura em que mais de 80% têm mais de 60 anos.
O Conselho Executivo de Macau apresentou hoje, numa conferência de imprensa, as regras para o novo regime de gestão dos vendedores, também conhecidos como vendilhões, que vai entrar em vigor a 1 de março.
A cidade tem atualmente 543 licenças válidas de vendilhões, mas mais de 100 bancas nos vários mercados da cidade estão por ocupar e mais de 80% dos vendedores têm mais de 60 anos, disse Ung Sau Hong.
A administradora do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), equivalente a uma câmara municipal, prometeu que, depois da entrada em vigor do novo regime, será feita “uma análise à situação” dos mercados em cada bairro.
“O vendilhão é uma profissão de longa data, é já uma memória nossa”, mas “esta já não é de facto uma profissão muito atraente”, admitiu o porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong Weng Chon.
O também secretário para a Administração e Justiça justificou a situação “com a evolução económica e dos hábitos de consumo dos residentes e turistas”.
“Vamos ver se é possível manter esta profissão de vendilhão em Macau”, disse André Cheong.
O porta-voz disse que o Governo vai, “em algumas zonas, tentar melhorar as condições [dos mercados] para atrair jovens que possam ser vendilhões”.
O mercado de Coloane, inaugurado há 130 anos, encerrou definitivamente em 16 de dezembro, depois dos dois últimos vendedores terem abdicado das bancas, uma vez que “o fluxo de pessoas (…) continuou a diminuir nos últimos anos”, disse em novembro o IAM.
O presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau disse na altura à Lusa que o mercado costumava ser popular entre os portugueses que viviam na aldeia, mas que estes “foram partindo aos poucos”.
“Sem portugueses em Coloane, há menos residentes”, lamentou O Cheng Wong.
Durante a pandemia, Macau viveu três anos de crise económica, que levaram à subida do desemprego, e a cidade foi ainda afetada pela política ‘zero covid’, que incluía a restrição das entradas e quarentenas que chegaram a ser de 28 dias.
Não há dados oficiais sobre o número de cidadãos portugueses que abandonaram o território durante a pandemia.
A última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal apontava para cerca de 155 mil portadores de passaporte português entre os residentes de Macau e Hong Kong.
O Mercado Vermelho, o mais icónico de Macau, reabriu em maio ao público depois de dois anos encerrado para obras de remodelação, com 118 bancas em funcionamento e 31 que continuavam vazias.
Construído em 1936, o Mercado Vermelho é um edifício de influência arquitetónica portuguesa e foi projetado pelo macaense Júlio Alberto Basto.
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