O secretário-geral do PCP acusou hoje o Chega de ter avançado com uma moção de censura no parlamento contra o Governo PSD/CDS para “abafar” e “desviar atenções” do próprio partido, que descreveu como “um hino à hipocrisia”.
O Chega levou na sexta-feira à Assembleia da República uma moção de censura ao Governo PSD/CDS-PP que foi chumbada, com a abstenção do PCP e o voto favorável apenas do partido proponente.
“Camaradas, nós não estivemos perante uma real moção de censura. Nós estivemos perante um instrumento de desvio de atenções para descentrar o problema que esse partido [Chega] enfrenta. Esse partido que é um hino à hipocrisia, um hino à demagogia. Um partido que se diz antissistema, mas é o pior que o sistema tem para oferecer, que se diz diferente dos outros e é verdade, mas para pior diferente dos outros”, declarou Paulo Raimundo, no Porto.
Paulo Raimundo participou hoje na XIV Assembleia da Organização Regional do Porto (AORP) “Reforçar o Partido, Tomar a iniciativa, Por uma região com futuro”, no Teatro Rivoli, tendo sido ovacionado perante uma sala cheia de comunistas e simpatizantes do PCP, com bandeiras vermelhas do partido.
No seu discurso de encerramento, declarou que o Chega não merece “nenhuma credibilidade”, acusando aquele partido de extrema-direita de usar uma moção de censura ”para procurar abafar” e “desviar atenções dos seus próprios problemas”.
“Não tenhamos nenhuma ilusão sobre isso”, afirmou o secretário-geral do PCP, asseverando, por outro lado, que os comunistas não vão “branquear as opões erradas deste Governo”.
“Não limpamos a imagem do Governo, não limpamos as responsabilidades deste Governo PSD/CDS, que está com pressa, que está empenhado na propaganda e que olha para cada problema que enfrentamos como uma nova oportunidade de negócio. Um Governo submisso à União Europeia e à NATO e à indústria do armamento. Um Governo que coloca o país ao serviço da militarização e da guerra”, criticou.
Para Paulo Raimundo, “há muitas razões para censurar a política” do executivo liderado por Luís Montenegro e quem dela beneficia.
“Curiosamente, nenhuma dessas razões para censurar a política do Governo esteve presente ontem [sexta-feira] na moção de censura que um determinado partido decidiu apresentar ao Governo, mas deixando de lado a política do Governo”, acrescentou.
Contudo, de acordo com Paulo Raimundo, sabe-se muito bem porque é que o Chega não censurou essa política: “Porque, para lá da demagogia, para lá da hipocrisia, esse partido, o Chega, está comprometido até ao pescoço com a política que está em curso.”
No entendimento do dirigente comunista, se o PS não tivesse “dado uma abébia na votação do Orçamento do Estado”, o Chega e a Iniciativa Liberal “teriam votado a favor do Orçamento, porque estão profundamente de acordo” com o documento.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com