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Conclave: Os dois Papas portugueses que fizeram história na Igreja Católica

Entre os quatro cardeais de Portugal no Conclave, as bolsas de apostas indicam apenas Tolentino de Mendonça como um nome potencial para suceder a Francisco numa Igreja Católica que já teve dois Papas portugueses, um menos conhecido.
6 Maio 2025, 09h29

Entre os quatro cardeais de Portugal no Conclave, as bolsas de apostas indicam apenas Tolentino de Mendonça como um nome potencial para suceder a Francisco numa Igreja Católica que já teve dois Papas portugueses, um menos conhecido.

Portugal tem, pela primeira vez desde que o colégio cardinalício foi criado, quatro cardeais eleitores no conclave que irá escolher o sucessor de Francisco: António Marto, Américo Aguiar, Manuel Clemente e Tolentino de Mendonça – mas, na história da Igreja, já teve dois Papas, um dos quais antes de ser país independente.

Dâmaso I liderou durante 18 anos o Vaticano no século IV e João XXI só governou 242 dias no século XIII, mas deixou um legado também na área da medicina e ciências naturais.

Nascido em Idanha-a-Velha, então Civitas Igaeditanorum, o Papa Dâmaso I, elevado a Santo, é considerado um dos pontífices que institucionalizou a Igreja como a referência do final do Império Romano, coincidindo com o momento em que a adoção do cristianismo foi adotado como religião oficial, decretado pelo imperador Teodósio.

Na ocasião, a Igreja estava a consolidar a sua doutrina canónica e existiam vários cultos, como o arianismo, que tinha muitos seguidores.

Foi eleito em 366, mas opositores arianos elegeram um antipapa, Ursino, que foi derrotado após uma guerra civil dentro da Igreja, mediada pelo imperador Valentiniano.

Após a vitória de Dâmaso, o império passou a reconhecer oficialmente a competência da Igreja em matéria de fé e de moral, e Dâmaso pode dedicar-se à consolidação doutrinária da religião cristã, tendo encomendado uma das primeiras traduções oficiais da Bíblia, por São Jerónimo.

Em Constantinopla, presidiu ao II Concílio Ecuménico, onde publicou a fórmula da confissão de fé, com a definição dogmática sobre a Divindade do Espírito Santo, foi o primeiro Papa a usar o anel do pescador como símbolo papal e ordenou a comemoração das festas da Assunção.

Séculos depois, já com Portugal independente e pouco depois da reconquista do Algarve aos mouros, foi a vez de outro Papa português, desta vez não apenas pelo local de nascimento mas também pelo percurso eclesiástico.

Pedro Hispano, também conhecido como Pedro Julião, foi eleito Papa a 20 de setembro de 1276, tendo morrido 242 dias depois.

Nascido em Lisboa, de uma família nobre de médicos, Pedro Hispano ensinou medicina na Universidade de Siena e foi nomeado arcebispo de Braga.

Em 1275, Gregório X nomeia-o médico principal do Vaticano e, num período conturbado da Igreja, com a morte sucessiva de vários pontífices, é eleito Papa em 1276, num conclave realizado em Viterbo, adotando o nome de João XXI.

No seu curto pontificado, jurou fidelidade ao XIV Concílio Ecuménico de Lyon, que pedira o diálogo com os ortodoxos orientais com vista a superar o cisma da cristandade.

O poeta Dante Alighieri, na Divina Comédia, retrata João XXI, colocando-o no Paraíso, junto da alma de São Boaventura, com elogios ao seu trabalho intelectual.

No final do seu pontificado, João XXI delegou as principais tarefas no cardeal Orsini, que lhe veio a suceder como Nicolau III, e retirou-se para Viterbo, onde veio a morrer após o desabamento parcial de uma parede do palácio apostólico.

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