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Trump diz que seria “estúpido” recusar avião presidencial oferecido pelo Qatar

“É um gesto simpático do Qatar. Estou muito grato. Não sou o tipo de pessoa que recusa uma oferta destas. Poderia ser uma pessoa estúpida e dizer ‘Não, não queremos que nos deem um avião muito caro’”, disse, na segunda-feira, o Presidente norte-americano, que deverá passar pelo Qatar esta semana no âmbito de uma digressão pelo Golfo.
13 Maio 2025, 08h00

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu firmemente a decisão de aceitar um Boeing 747-8 oferecido pelo Qatar, insistindo que seria “estúpido” recusar o presente, que tenciona utilizar como novo avião presidencial.

“É um gesto simpático do Qatar. Estou muito grato. Não sou o tipo de pessoa que recusa uma oferta destas. Poderia ser uma pessoa estúpida e dizer ‘Não, não queremos que nos deem um avião muito caro’”, disse, na segunda-feira, o Presidente norte-americano, que deverá passar pelo Qatar esta semana no âmbito de uma digressão pelo Golfo.

A família real dos Emirados está a preparar a oferta aos Estados Unidos de um Boeing 747-8, avaliado em 400 milhões de dólares (360 milhões de euros) pelos especialistas e descrito pelos meios de comunicação norte-americanos como um “palácio no céu”.

O presente levanta a questão de potenciais conflitos de interesses, uma vez que a Constituição dos Estados Unidos proíbe expressamente os funcionários de aceitarem presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”.

Referindo-se a esta regra constitucional, os senadores democratas denunciaram a oferta, afirmando que “cria um claro conflito de interesses, levanta sérias questões de segurança nacional, convida à influência estrangeira e mina a confiança do público no Governo” dos Estados Unidos.

“Esta semana, vamos pedir ao Senado [câmara alta do parlamento norte-americano] que vote para reafirmar um princípio básico: ninguém deve usar o serviço público para enriquecer pessoalmente através de presentes estrangeiros”, anunciaram os senadores democratas Cory Booker, Brian Schatz, Chris Coons e Chris Murphy, todos membros da comissão dos Negócios Estrangeiros, numa declaração conjunta.

Murphy prometeu mesmo bloquear qualquer futura venda de armas a um “país que tenha negócios pessoais diretos com Trump”.

Questionado por um jornalista, Donald Trump garantiu que não iria utilizar o avião para fins pessoais após o final do mandato, como noticiado na véspera pela ABC News.

A emissora norte-americana disse que os advogados da Casa Branca e do Departamento de Justiça elaboraram uma análise, que entregaram ao secretário da Defesa, Pete Hegseth, concluindo que é legal o Departamento da Defesa aceitar o avião e depois o entregar ao acervo presidencial de Trump, quando este terminar o mandato em 2029, o que lhe permitiria continuar a utilizá-lo como cidadão privado.

“Devia ter vergonha de fazer essa pergunta”, respondeu Trump, na segunda-feira, a um repórter.

“Estão a dar-nos um avião de graça. Eu podia dizer ‘não, não, não, não no-lo deem’, quero pagar mil milhões de dólares ou 400 milhões de dólares, ou o que for. Ou podia dizer: ‘Muito obrigado’”, continuou.

A utilização de um avião doado por uma potência estrangeira levanta igualmente sérias preocupações em matéria de segurança: o Air Force One foi concebido para servir de centro de comando móvel para o Presidente em caso de ataque contra os Estados Unidos.

“Os detalhes legais dessa oferta ainda estão a ser trabalhados”, disse a porta-voz do Governo, Karoline Leavitt, à emissora norte-americana Fox News na segunda-feira.

“Mas, claro, qualquer doação a este governo é sempre feita em total conformidade com a lei. Estamos empenhados na máxima transparência e continuaremos a fazê-lo”, acrecentou.

Este poderá ser o bem mais caro alguma vez doado ao governo dos EUA.

A organização Citizens for Responsibility and Ethics in Washington (CREW), dedicada às questões de boa governação, questionou no domingo a legalidade da transferência.

“Isto parece mesmo um país estrangeiro com o qual o Presidente tem negócios pessoais, que lhe oferece um presente de 400 milhões de dólares, antes de [Trump] se encontrar com o seu chefe de Estado”, afirmou, numa declaração, o porta-voz da CREW, Jordan Libowitz.

A Organização Trump, o conglomerado empresarial de Donald Trump, anunciou no final de abril que vai começar a desenvolver o primeiro projeto imobiliário no Qatar, com a construção de um clube de golfe e moradias na zona costeira de Simaisma, na capital, Doha.

Trump inicia hoje uma viagem oficial que o levará à Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos.

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