As políticas comerciais altamente imprevisíveis da administração norte-americana representam um risco significativo para o comércio e para a economia mundial.
Apesar da suspensão das tarifas recíprocas e da redução dos impostos iniciais à China, espera-se que a guerra tarifária tenha um impacto negativo no PIB global, na inflação e no comércio.
Um relatório recente da Crédito y Caución já reduziu as previsões de crescimento global para 2,4% em 2025, uma queda de 0,6 pontos em relação à previsão de março e de 0,9 pontos face a janeiro deste ano.
Dana Bodnar, economista da Atradius, explica que “as tarifas reduzem o crescimento do PIB devido à menor procura e aumentam a inflação devido ao aumento dos preços. As empresas importadoras enfrentam custos mais elevados, o que reduz as margens de lucro e aumenta os preços”.
Atualmente, a tarifa efetiva dos EUA está em torno de 15%, o nível mais alto desde a Grande Depressão, e não se prevê que haja alterações significativas. Mantêm-se tarifas universais de 10%, 25% sobre automóveis, 50% sobre aço e alumínio, e 25% sobre produtos do México e Canadá que não estejam em conformidade com o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA).
Bodnar acrescenta que “mesmo que os próximos passos políticos sejam incertos, geralmente demora muito mais tempo a reduzir as tarifas do que a implementá-las”.
O mercado norte-americano deverá também ser afetado pelas políticas protecionistas da nova administração, prevendo-se um crescimento de apenas 1,5% este ano, menos 1,9% do que as estimativas feitas em janeiro. Esta contração é atribuída a uma perspetiva mais fraca para as despesas das empresas, que estão a adiar investimentos. O aumento dos preços devido às tarifas levará a um aumento da inflação e a uma diminuição da procura.
Os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, como Canadá e México, sofrerão significativamente com as novas tarifas, com o México a prever um crescimento zero do PIB este ano. Na Europa, espera-se um ligeiro crescimento de 0,9% em 2025 e 2026. Por outro lado, a China deverá aguentar melhor, com um crescimento de 4,3% em 2025, embora o crescimento das exportações diminua com a entrada em vigor das tarifas.
Em relação aos setores, prevê-se uma recessão industrial nos segundo e terceiro trimestres deste ano, uma vez que o setor transformador já antecipou a sua atividade no primeiro trimestre para se proteger da aplicação de novas tarifas elevadas. A indústria automóvel, um dos principais consumidores de aço, será uma das mais afetadas pelos direitos aduaneiros de 50%. Os investimentos normalmente feitos para modernizar equipamentos fabris devem ser cancelados ou adiados nos setores manufatureiros, resultando numa queda geral na produção de 2,7 pontos percentuais em comparação com a previsão de março.
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