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Tarifas de Trump ameaçam mais de 5 mil milhões de euros em exportações portuguesas

Sectores como o farmacêutico ou da maquinaria em Portugal exportam acima de mil milhões de euros para os EUA e outros ramos, como o das armas, têm naquele mercado o seu principal cliente.
14 Julho 2025, 13h49

Os EUA vinham ganhando quota e importância no comércio internacional português, ultrapassando a barreira dos 5 mil milhões de euros em bens exportados anualmente para aquele mercado desde 2023, num sinal claro da crescente relação entre os dois países. O anúncio de tarifas de 30% pelos norte-americanos vem colocar um entrave significativo a esta relação, onde dominam os bens ligados ao sector farmacêutico e maquinaria, mas que representa uma fatia muito relevante de outros segmentos como as armas.

Donald Trump avançou com nova ameaça aos parceiros europeus com uma carta enviada durante o fim-de-semana na qual garante que as exportações oriundas do Velho Continente enfrentarão 30% de taxa aduaneira à chegada aos EUA. Após meses de negociações e da esperança manifestada pela Comissão e vários líderes europeus num acordo comercial com os norte-americanos, as tensões voltaram a subir e o entendimento entre os dois lados da maior relação económica do mundo parece mais longínquo.

Com 5,3 mil milhões de euros em bens exportados para os EUA em 2024, Portugal vinha registando um crescimento sustentado que colocou a maior economia do mundo como o seu quarto maior importador. Esta evolução foi frisada repetidas vezes durante os últimos anos, sobretudo para sectores como o farmacêutico e o automóvel, que vinham ganhando quota neste mercado.

Segundo os dados do INE, em 2024, Portugal exportou mais de 1,2 mil milhões de euros em produtos farmacêuticos para o mercado norte-americano, um ligeiro recuo em relação aos 1,3 mil milhões do ano anterior e uma fatia bastante relevante deste sector nacional, exportou 3,4 mil milhões. Olhando para a fileira química como um todo, onde se insere o sector farmacêutico, as exportações totais chegaram a 5,9 mil milhões – o que significa que quase 20% é referente às vendas de produtos farmacêuticos para os EUA.

As exportações de produtos minerais, onde se incluem combustíveis, seguem-se na lista, com 1,1 milhões de euros dos 6,5 mil milhões exportados pelo sector a terem como destino os EUA.

Seguem-se as máquinas, aparelhos e material elétrico, embora já distantes dos valores dos outros dois sectores: com 529 milhões de euros exportados para os EUA, aquele mercado não chega a 5% dos mais de 11,8 mil milhões vendidos para fora do país por este ramo em 2024.

Sectores como o aço e alumínio, sujeitos a tarifas específicas de 50%, não têm nos EUA um dos mercados mais relevantes, dado que as vendas de alumínio àquele país não chegam nem a 3% dos 977 milhões exportados nesta fileira. Na mesma linha, os fabricantes de componentes automóveis não verão grandes impactos diretos, dado que apenas 22 milhões de euros dos 9,6 mil milhões exportados têm como destino os EUA.

Os efeitos para o sector automóvel far-se-ão sentir de forma indireta, dada a importância dos EUA nas cadeias de valor de empresas alemãs e francesas, sobretudo, que têm em Portugal fornecedores relevantes.

Por outro lado, outros segmentos menos expressivos da economia nacional têm no mercado norte-americano o seu principal cliente. O mais evidente é o das armas: dos quase 85 milhões de euros exportados em 2024, 60,3 tiveram como destino os EUA, ou seja, 71%.

Destaque ainda para os 435 milhões vendidos aos EUA pela indústria têxtil, um valor considerável em termos absolutos para a realidade nacional, embora aquém dos 8% se olharmos para as exportações deste sector para todo o mundo.

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