Nuno Garoupa, professor de Direito em Portugal e nos Estados Unidos e ex-presidente executivo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (da área do CDS), é o nome mais emblemático de um grupo de pessoas que se juntará em breve para discutir a criação de um novo partido político em Portugal, posicionado à direita do PS, segundo o jornal Público.
O ex-social-democrata, Norberto Pires, professor de Robótica no departamento de Engenharia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, é outro dos rostos envolvidos na iniciativa.
De acordo com o que avança o Público, citando um dos organizadores deste encontro – que prefere manter-se no anonimato –, existem “700 mil votos à solta, que não são de ninguém, e ninguém parece ter uma mensagem para eles. Para além disso, há muita gente que vota no partido A ou no partido B por falta de alternativa e nós queremos construir essa alternativa”.
A mesma fonte assume que esta é “uma iniciativa descomprometida e livre, mas consequente com uma sociedade civil mais interventiva”, defendendo também a criação de uma nova força política, “centrada na participação das pessoas, em propostas concretas e que tenha uma visão de médio e longo prazo para o país”.
Para o jantar, que se realiza por estes dias em Coimbra, foram convidadas um total de 20 personalidades. O objetivo desta iniciativa é o de conhecer as reações dos convidados à ideia de criar uma nova força política à direita do PS, capaz de capitalizar o descontentamento e o descrédito que existe entre os partidos políticos tradicionais e o eleitorado.
O Público cita dois especialistas na área da Ciência Política para perceber até que ponto haverá espaço para mais um partido político em Portugal. Marina Costa Lobo, investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais (ICS), nota que as “tentativas mais recentes de ocupar o espaço do centro falharam clamorosamente”. E acrescenta: “Essa ambição do centro tem sido recorrente no nosso país e já houve várias tentativas de criar esse partido”.
A razão prende-se com o facto de ser no centro do espetro político que se enquadra o eleitorado português. No entanto, de acordo com a especialista ouvida pelo Público, “tem sido extremamente difícil aos novos partidos aparecerem, vingarem e consolidarem-se, sobretudo nessa área do espetro político. Não quer dizer que não possa acontecer, porque, de facto, existe muita insatisfação em relação aos partidos políticos e existe um contingente muito alargado de abstencionistas”.
António Costa Pinto, professor convidado do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, por seu turno, declara ao periódico que o panorama é diferente em Portugal e no estrangeiro, onde, nota, “não só existe espaço como novos movimentos políticos têm crescido”.
No entanto, para Costa Pinto os novos partidos políticos precisam de superar “a resiliência dos nossos partidos tradicionais, que está muito relacionada com a alta taxa de abstenção”, abstenção essa que existe maioritariamente “ao centro do espetro político”, diz. Mais ainda, o atual formato do Governo “retira espaço a novos movimentos”, ao contrário do que sucedeu noutros países, onde o declínio dos partidos socialistas tem sido terreno fértil para a criação de novos movimentos partidários.
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