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Covid-19: Governo desincentiva uso da linha Saúde 24 para pedir informações gerais sobre a doença

Em audição no Parlamento, a ministra da Saúde, Marta Temido, diz que, apesar de a linha Saúde 24 ter sido reforçada com novos profissionais, os pedidos de informações gerais sobre a doença têm gerado alguns constrangimentos no acesso a essa linha de saúde.
Marta Temido, ministra da Saúde
3 Março 2020, 16h52

O Governo desincentivou esta terça-feira os portugueses a usarem a linha Saúde 24 para pedir informações gerais sobre o novo coronavírus (Covid-19). A ministra da Saúde, Marta Temido, diz que, apesar de a linha Saúde 24 ter sido reforçada com novos profissionais, os pedidos de informações gerais sobre a doença têm gerado alguns constrangimentos no acesso a essa linha de saúde.

“Estamos ser traídos pelo nosso próprio sucesso”, afirmou Marta Temido, em audição na comissão parlamentar de Saúde. Em causa está a vaga de “pedidos de aconselhamento” que se registaram nos últimos dias na linha Saúde 24. Desde 20 de janeiro, a linha do Serviço Nacional de Saúde (SNS) atendeu 56.375 casos relacionados com este surto, segundo dados avançados pelo “Jornal de Notícias”.

A ministra disse que um dos momentos mais críticos foi registado na segunda-feira, quando foram confirmados dois casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal. “[Nesse dia, a linha Saúde 24] estava mais congestionada que aquilo que gostaríamos”, explicou, dando conta de que têm havido vários “pedidos de aconselhamento sobre onde comprar máscaras e soluções de higienização das mãos” nesta linha, e que estes conselhos podem ser dados por email para evitar constrangimentos.

Marta Temido disse que a linha Saúde 24 foi reforçada com mais 100 profissionais de enfermagem e anunciou que ainda esta semana será lançada uma nova campanha de informação sobre o novo coronavírus, direcionada para “um público mais vasto e com menos literacia em Saúde”.

A audição parlamentar tinha como tema a “degradação das condições de funcionamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde [SNS]” e, em particular, da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, mas a ministra mostrou-se também disponível para prestar esclarecimentos, desde logo, a sobre o novo coronavírus, tendo em conta a confirmação de dois casos de infeção em Portugal.

A governante explicou aos deputados que o plano de contingência que tem estado a ser utilizado é o mesmo que já foi usado para outras situações, com adaptações para o surto do novo coronavírus. A ministra garantiu, no entanto, que o plano de contingência para prevenir e mitigar a evolução do coronavírus em Portugal está a ser alvo de “afinações” e deve ser anunciado em breve.

A ministra sublinhou, tal como já tinha dito em entrevista à RTP, que há uma possibilidade legal de o Governo vir a recorrer à quarentena obrigatória como forma de “proteger a saúde pública”. “Estou em condições de assegurar que tenho, ao abrigo da lei, poderes para garantir não há propagação de uma doença infecciosa”, sendo esta uma medida excecional, sublinhou.

Marta Temido disse ainda que o controlo da temperatura à chegada aos aeroportos não é 100% eficaz. Isto porque, segundo Marta Temido, basta que o passageiro tenha tomado um antipirético (medicamento que previne ou reduz a febre) para “mascar a temperatura”. Por outro lado, o controlo da temperatura obrigaria a que os passageiros que manifestassem alterações de temperatura fossem sujeitos aos testes previstos para os casos suspeitos de coronavírus.

O novo coronavírus foi identificado em final de 2019, em Wuhan, tendo-se alastrado por todos os continentes. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, o SARS-CoV-2 (síndrome respiratória aguda grave) já infetou 90.663 pessoas em todo o mundo, das quais morreram 3.124.

Em Portugal, há já dois casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus. Trata-se de dois homens, um de 60 e outro de 33 anos, que estão internados no Porto. A China é o país mais afetado, com 2.946 mortes confirmadas. Seguem-se o Irão (66 mortos) e a Coreia do Sul (34). Na Europa, Itália é o país mais afetado, com 1.835 casos de infeção confirmados e 52 mortos.

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