A deputada do Bloco de Esquerda, Beatriz Dias, pediu a criação de uma “estratégia nacional de combate ao racismo”, durante reunião plenária que decorreu esta segunda-feira, onde se discutiram os protestos, de sábado à tarde, contra o racismo.
“É preciso criar políticas públicas que nos permitam reconhecer que o racismo é uma realidade da nossa sociedade, que tem manifestações perversas, que afeta profundamente a vida das pessoas e criar uma estratégia nacional de combate ao racismo”, referiu Beatriz Dias.
A estratégia de combate ao racismo “tem de começar por envolver todas as organizações da sociedade civil anti-racistas, organizações representativas das pessoas ciganas, investigadores e outros que conhecem a realidade no terreno”, sugeriu a deputada dos bloquistas.
Além de mencionar os jovens assassinados por forças policiais, cujo registo oficial não existe, Beatriz Dias lembrou ainda que a comunidade negra “acede cinco vezes menos ao ensino superior”. “Estes dados devem-nos preocupar e interpelar, precisamos de políticas que corrijam esta desigualdade”.
A recolha e disponibilização de dados foi uma das reivindicações dos protestantes que marcharam, em Lisboa, contra o racismo.”Oficialmente não há estatísticas porque o Estado português não aceita a recolha de dados étnico raciais”, contou ao JE Yousef, um dos organizadores da manifestação e membro do coletivo de consciência negra. “Se o presidente nos EUA sabe quantos negros estão na faculdade, quantos negros estão no desemprego, quantos negros têm acesso a determinados serviços ou não têm e se sabe porquê?”, questionou Yousef sobre o assunto.
Beatriz Dias sublinhou também que muitas “destas populações têm a sua situação legal no país por regularizar, o que faz com que estejam sujeitas a situações de exploração e é por isso que é preciso aprofundar a legislação, aumentar a transparência na investigação dos casos de violência policial”.
Sobre o acentuar de desigualdades durante a pandemia, a deputada do Bloco de Esquerda garantiu que “foi evidente o impacto que a pandemia teve na segregação territorial”. Eram as “comunidades racializadas que tinham de fazer as deslocações mais longas, com o salários mais baixos e isso acaba por ter impacto na saúde, na esperança de vida”, disse Beatriz Dias.
Quanto ao envolvimento do Bloco de Esquerda nos protestos de sábado, Beatriz Dias negou que o partido tivesse motivado as manifestações. “As pessoas têm a sua subjetividade, as pessoas conhecem a sua qualidade de vida , as pessoas são mobilizadas para trazer para o espaço público e reivindicar outras políticas, outra vida, outras condições. Não saíram à rua porque um partido lhes disse”, admitiu Beatriz Dias.
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