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Rotação de capital condiciona Wall Street

Nos próximos dias teremos a prova dos nove sobre a vontade do mercado em continuar a corrigir nas grandes tecnológicas e a beneficiar as industriais.
11 Novembro 2020, 09h39

“Algum dia teria de ser”, é uma frase bastante comum quando um desequilíbrio evidente começa a ser corrigido, e quis o destino que a valorização ostensiva do sector tecnológico em relação ao restante mercado tivesse embatido contra uma parede, com a possibilidade de um regresso à normalidade, depois do anúncio da Pfizer sobre um ensaio clínico de uma vacina que teve uma taxa de eficácia de 90% na protecção contra a Covid-19.

Após meses de pressão compradora nos sectores que mais ganharam e poderão ganhar com as restrições impostas para tentar conter a propagação da pandemia, nomeadamente as tecnológicas e transportes, era inevitável que este grupo de empresas estivesse demasiado esticado, mesmo que os próximos meses lhes fossem favoráveis.

Daí que bastou uma pedra na engrenagem para o favoritismo dos investidores mudar de mão, nem que seja por um breve período, como se antevê, visto que, e não obstante segunda e terça-feira os índices norte-americanos terem andado a contraciclo dos meses pós-Covid, não é de esperar que esta rotação de capital se mantenha por muitas mais sessões, até porque as incertezas que rodeiam a actualidade são várias, desde logo sobre a viabilidade desta esperança se tornar uma realidade, da capacidade da empresa em conseguir fabricar as doses suficientes para criar uma imunização em grande escala, para que não exista mais necessidade de confinamento.

Mas para além disso o cenário político nos EUA é tudo menos pacifico, para já não falar na possibilidade das muitas quezílias nas próximas semanas com a luta de Trump contra o resultado das eleições, o cenário no Congresso norte-americano não faz adivinhar tempos propícios a acordos, como por exemplo o novo pacote de estímulos que continua sem ver a luz do dia, sendo que os Republicanos continuam a insistir apenas na disponibilidade para um valor muito abaixo do proposto pelos Democratas, mais na ordem de algumas centenas de biliões, com o líder da maioria dos Republicanos no Senado a referir ainda esta terça-feira que não vê necessidade para valores muito elevados nos estímulos.

Nos próximos dias teremos a prova dos nove sobre a vontade do mercado em continuar a corrigir nas grandes tecnológicas e a beneficiar as industriais, realçando o facto de que só esta semana o Dow Jones atingiu novos máximos históricos enquanto que Nasdaq e S&P500 já alcançaram território desconhecido há muito tempo, após os mínimos de Março, o que deixa o índice mais abrangente, o S&P500 com múltiplos de avaliação muito próximos dos alcançados na bolha das dot.com.

O gráfico de hoje é do Nasdaq, o time-frame é semanal.

 

 

Já se fala na possibilidade de um duplo topo no índice tecnológico, o que para já ainda não é justificável pela análise técnica, por exemplo o stochastic ainda não efectuou o seu segundo topo.

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