O Bloco de Esquerda deixou fortes críticas à Galp por avançar para o despedimento de trabalhadores na refinaria de Matosinhos, distrito do Porto, onde vai encerrar as suas operações de refinação em 2021.
“A Galp é um exemplo do que não deve acontecer. É uma empresa em que o Estado tem uma participação e não usa o seu direito de voto nas assembleias-gerais”, disse hoje a coordenadora do Bloco de Esquerda.
“É uma empresa que distribuiu milhões de euros aos seus acionistas, e está a despedir trabalhadores. Isto é o que não pode acontecer, é o pior da economia. O Estado a desresponsabilizar-se numa empresa onde pode ter uma palavra, e uma empresa que distribui milhões aos acionistas enquanto despede os trabalhadores”, afirmou Catarina Martins.
O Estado, através da Parpública, detém uma participação de 7,48% no capital da Galp. O maior acionista da empresa é a Amorim Energia, que detém 33,34% da empresa. Esta sociedade é controlada em 55% pela família Amorim, com 45% a serem detidos pela Sonangol, petrolífera estatal angolana.
“Se há alterações a fazer devido às alterações climáticas, isso far-se-á com reconversão dos setores e do emprego, nunca se fará com este tipo de despedimentos que só puxa a economia de Portugal para baixo”, segundo a líder bloquista.
A Galp pagou um dividendo de 70 cêntimos por ação relativo ao exercício de 2019, num pagamento total de 580 milhões de euros aos seus acionistas, num ano em que a empresa lucrou 560 milhões de euros.
A Galp anunciou hoje que vai encerrar a refinaria de Matosinhos, distrito do Porto e que vai passar a concentrar as suas operações em Sines, distrito de Setúbal.
“Após uma rigorosa avaliação de alternativas, a Galp irá concentrar as suas atividades de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar as operações de refinação em Matosinhos a partir de 2021”, segundo o comunicado da empresa liderada por Carlos Gomes da Silva, garantindo que o “aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”.
“A Galp continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos, encontrando-se a desenvolver as soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”, de acordo com a petrolífera, que não revela a quantidade de postos de trabalho que vão ser afetados.
Por sua vez, o Governo veio hoje a público revelar as suas “preocupações” em relação ao “destino dos trabalhadores” da refinaria de Matosinhos que a Galp prepara-se para encerrar em 2021.
“O Ministério do Ambiente e da Ação Climática manifesta desde já a disponibilidade para, em nome do Governo, reunir com a Galp e com as estruturas representativas dos trabalhadores, exigindo da empresa todo o empenho e sensibilidade social para procurar soluções para o futuro próximo”, pode-se ler no comunicado divulgado pela tutela esta segunda-feira de manhã.
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