O primeiro-ministro António Costa revelou este domingo, em artigo de opinião no jornal “Público”, que não utilizou o contencioso entre a TAP e a sua ex-CEO para atacar Pedro Nuno Santos, a quem apelida de “camarada”.
Em resposta a um artigo da jornalista Ana Sá Lopes, que o ex-secretário-geral do PS qualifica de “infame e infamante”, António Costa destaca que esta é uma acusação “suficientemente estapafúrdia para ser credível”.
No entanto, o ainda primeiro-ministro considera que “quem cala consente” e por isso clarificou aquela que tem sido a sua política na relação com a TAP, em que refere que, na sua “concepção e prática comprovada”, o Governo, “enquanto representante do acionista Estado, não deve intervir em qualquer ato de gestão corrente da empresa, que é da competência da respetiva administração”.
António Costa garante assim que nunca reuniu ou falou com a administração da TAP, “quanto mais com os seus advogados” e assegurou ainda que, nem este, como responsável da pasta das Infraestruturas (que tutela a companhia aérea), “fomos ou temos de ser informados do trabalho dos advogados da TAP”.
O Negócios avançou na quinta-feira que o contrato da ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, previa acumulação de cargos de administradora em duas empresas, e o jornal SOL escreve hoje que Pedro Nuno Santos, à data ministro das Infraestruturas, aceitou estas condições.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, assumiu na sexta-feira, no Porto, toda a responsabilidade política do que se passou na TAP, dossiê que geriu enquanto ministro das Infraestruturas e vincou que o contrato foi feito com equipas jurídicas tanto da anterior CEO como da TAP.
“O contrato foi redigido por equipas jurídicas, o que quer dizer que diferentes equipas jurídicas têm interpretações também diferentes sobre o que ali foi feito e, portanto, estão todos a partir do pressuposto de que a acumulação daqueles cargos é ilegal, eu não tenho essa certeza”, sublinhou.
A ex-presidente executiva da TAP foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.
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