A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um excedente de petróleo “nunca visto” no final da atual década, devido ao contínuo aumento da produção e à desaceleração do crescimento da procura.
No “Oil 2024 – Análise e previsão para 2030”, a última edição do relatório anual de mercado a médio prazo da AIE, divulgado esta quarta-feira, 12 de junho, prevê-se o abrandamento do crescimento da procura mundial de petróleo nos próximos anos, à medida que as transições energéticas avançam.
O relatório prevê que a procura global de petróleo, que foi em média pouco superior a 102 milhões de barris por dia em 2023, incluindo os biocombustíveis, estabilizará perto de 106 milhões de barris por dia em 2030.
A dinamizar a procura estarão as economias asiáticas em rápido crescimento, com a Índia (transportes) à cabeça, bem como os sectores da aviação (combustível) e petroquímico (matérias-primas), que deverão aumentar a intensidade de utilização de petróleo nos próximos anos.
Esta subida será, cada vez mais, compensada por fatores como o “aumento das vendas de automóveis elétricos, melhorias na eficiência de combustível em veículos convencionais, diminuição da utilização de petróleo para geração de eletricidade no Médio Oriente e mudanças económicas estruturais”, refere a AIE, acrescentando, também, que se espera que “a procura de petróleo nas economias avançadas continue o seu declínio de décadas, caindo de perto de 46 milhões de barris por dia em 2023 para menos de 43 milhões de barris por dia em 2030”.
Cumprindo-se, este será o mais baixo valor desde 1991, se excluirmos os anos da pandemia.
Paralelamente, espera-se que o aumento da oferta mundial de petróleo, “liderado por produtores não-OPEP+, ultrapasse a previsão de procura a partir de 2025”, puxada pelos Estados Unidos da América (EUA), que estão preparados para injetar 2,1 milhões de barris diários no mercado, e por outros produtores do continente. Argentina, Brasil, Canadá e Guiana deverão com mais 2,7 milhões de barris por dia.
“Prevê-se que a capacidade total de oferta aumente para quase 114 milhões de barris por dia até 2030”, empurrando a capacidade não utilizada “para níveis nunca antes vistos fora da crise da [pandemia de] covid-19”, refere a AIE.
Esta situação poderá ter “consequências significativas” para os mercados petrolíferos, incluindo para as economias produtoras da OPEP e de outros países, bem como para a indústria de xisto dos EUA.
A previsão do relatório conclui que, à medida que o fluxo de projetos de exploração aprovados se esgotar, no final desta década, “o crescimento da capacidade abranda e depois estagna entre os principais produtores não-OPEP+”. No entanto, se as empresas continuarem a aprovar capacidade adicional, já em fase de projecto, “mais 1,3 milhões de barris por dia de capacidade não-OPEP+ poderão tornar-se operacionais até 2030”.
“As projeções deste relatório, baseadas nos dados mais recentes, mostram um grande excedente de oferta emergente nesta década, sugerindo que as empresas petrolíferas podem querer certificar-se de que as suas estratégias e planos de negócios estão preparados para as mudanças que estão a ocorrer”, alerta Fatih Birol, administrador-executivo da AIE, em comunicado.
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