[weglot_switcher]

Agressões a imigrantes: Amnistia Internacional pede que partidos não usem situação como “arma de arremesso”

“A violência e o ódio tem de ser um desígnio de todos os partidos políticos, de toda a sociedade e é algo que devemos combater”, frisou Pedro Neto, diretor da Amnistia Internacional, ao JE.
6 Maio 2024, 17h58

Os partidos em Portugal não devem utilizar o caso das agressões a imigrantes, que sucedeu na madrugada de sexta-feira no Porto, como “arma de arremesso”, de acordo com declarações de Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, ao “Jornal Económico”.

“A violência não é justificável de modo nenhum, nunca. Muito menos a violência motivada por questões de ódio. É inqualificável, não pode acontecer e abre precedentes. Infelizmente já houve outros episódios de violência com motivações racistas, xenófobas. Esta é uma situação que deve fazer-nos refletir”, disse Pedro Neto ao JE.

A Amnistia Internacional Portugal aproveita e deixa “um apelo aos partidos políticos que não utilizem estas causas como arma de arremesso uns contra os outros”. “A violência e o ódio tem de ser um desígnio de todos os partidos políticos, de toda a sociedade e é algo que devemos combater”.

De recordar que as agressões a imigrantes motivaram o Chega a chamar a ministra da Administração Interna para falar sobre emigração, mais especificamente sobre as agressões no Porto.

Quanto à forma como se pode lidar com estas situações, Pedro Neto frisou que “não há uma solução para este tipo de situações”. “Desde já resolver os problemas securitários, construir um ambiente de paz social e não de tensão permanente que está a ser motivada por algumas forças políticas que beneficiam dessa desordem e dessa tensão e desse constante ódio que depois tem consequências práticas”, destacou.

Além disso, a Amnistia Internacional Portugal recomendou “processos na justiça mais céleres para que a sensação de impunidade de quem comete este tipo de crimes não persista”

“As pessoas, sejam elas migrantes, nacionais, homens, mulheres, de etnia cigana de qualquer origem, quando vêm para Portugal não vêm apenas trabalhar. Uma pessoa que vem do estrangeiro não vai trabalhar de manhã e volta para o seu país à tarde, ela tem de viver aqui e nós temos de enfrentar isso. Temos de acolher e conviver com as pessoas”, vincou.

No que diz respeito à atuação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que foi muito criticada pelo autarca do Porto que defendeu a sua extinção, Pedro Neto referiu que “a atuação da AIMA foi difícil”. “Tem que trabalhar na prevenção, tem de que estar no terreno com mais eficácia. Tem de fazer um trabalho integrado não só junto dos canais, mas também com forças locais, mas a AIMA não vai resolver nada sozinha”.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.