[weglot_switcher]

Allianz espera mais duas subidas dos juros pelo BCE

BCE deverá manter as subidas apesar de a zona euro ter entrado em recessão técnica e de a inflação estar a recuar.
14 Junho 2023, 12h01

O Banco Central Europeu (BCE) deverá manter a sua trajetória de subidas de taxas durante mais duas reuniões. É esta a crença da Allianz que prevê uma subida de 25 pontos base na reunião desta semana, seguida de subida igual na reunião de julho.
“Após uma significativa ronda de subidas o ano passado, o BCE está a ajustar a sua política monetária, mas ainda esperamos novas subidas dos juros nos próximos meses”, disse Franck Dixmier da Allianz Global Investors.
As subidas acontecem depois de ter sido revelado que a zona euro entrou em recessão técnica no primeiro trimestre depois de duas quebras ligeiras em cadeia (-0,1%) em dois trimestres consecutivos.
O fundo alemão destaca que “persistem as pressões inflacionistas, e o BCE deve continuar o endurecimento monetário para manter a credibilidade e ancorar as expetativas de inflação no mercado. É muito cedo para os investidores construírem posições de longo prazo no mercado de rendimentos da zona euro. Dada a persistência da inflação subjacente, acreditamos que as expectativas do mercado não estão a ter em consideração o potencial de novas subidas dos juros neste ciclo de endurecimento monetário”.
A inflação global desceu dos 7% em abril para os 6,1% em maio e a inflação core (subjacente) recuou para 5,3% face aos 5,6% anteriores, ainda longe da meta de 2% do BCE que só deverá ser atingida no espaço de dois anos.
Desde julho de 2022 que o BCE subiu as taxas de juro em 375 pontos-base. Como consequência a economia está a abrandar, com o custo dos empréstimos bancários para empresas e famílias a disparar.
Sobre a transmissão da política monetária, como as subidas das taxas de juro estão a afetar a economia real e a inflação, a Allianz destaca que o “BCE recebeu uma boa notícia: a procura está a desacelerar, como mostra a fraqueza das vendas a retalho na zona euro em abril (+0% mês a mês e -2,6% anualizada). No entanto, a pressão salarial impulsionada por um mercado de trabalho robusto, combinada com o ainda elevado poder de precificação das empresas, sugere que a desaceleração da inflação subjacente será muito gradual”.
Desta forma, o fundo espera que o “BCE continue a aumentar os juros, com um aumento de 25 p.b. na reunião de 15 de junho, provavelmente seguido de mais 25 p.b. em julho. Os mercados antecipam este cenário”.
Olhando para o longo prazo, a Allianz destaca que o BCE “pode ficar satisfeito com dois indicadores: as expetativas para a inflação ao consumidor a três anos na zona euro permanecem muito moderadas (nos +2,5% face aos +2,9% anteriormente) e as expetativas de inflação no mercado estão solidamente ancoradas ( com um swap da inflação a 5 anos nos 2,48%). A credibilidade do BCE não foi prejudicada na luta contra o aumento dos preços. Porém, essa credibilidade de longo prazo é resultado da sua determinação de curto prazo em continuar o endurecimento monetário. Nesta fase do endurecimento monetário não há espaço para concessões”.
O Banco Central Europeu anuncia a sua decisão amanhã, quinta-feira 15 de junho.
RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.