A diretora jurídica da AGL Angola, concessionária de dois dos terminais do Porto do Lobito, considerou hoje que os investimentos em curso no país na área alimentar constituem “uma oportunidade clara” para a empresa, que tem grande parte dos seus clientes precisamente nesse sector.
“É uma oportunidade clara para nós. Grande parte dos nossos clientes estacionados no terminal claramente vêm da indústria agrícola. A área alimentar é importante? Sim, sem dúvida. E deve ser uma aposta”, disse Cátia Fernandes no decorrer do Doing Business Angola 2024, que se realiza hoje em Lisboa.
A AGL Angola, explicou Cátia Fernandes, é composta por dois terminais: o terminal de carga geral e o terminal de contentores. Foi concessionada através de um processo de concurso público, aberto em janeiro de 2003. “Tal e qual como o Francisco disse também a nossa negociação foi uma tarefa hercúlea. Foi feita em tempo recorde e o concurso foi lançado em janeiro”, afirmou.
A adjudicação da concessão foi feita em setembro, com a assinatura do contrato a ocorrer no dia 11 de dezembro de 2023. “A AGL começou a operar no dia 4 de março de 2024”, concluiu.
O presidente do conselho de Administração da Lobito Atlantic Raiway – que tem a concessão da linha ferroviária até à RDC e um terminal mineraleiro no Porto – Francisco Franca disse que, pelo seu lado, a LAR “tem um terminal de uso privativo, que não vem isolado da relação que temos com a CFB (Caminhos de Ferro de Benguela) no âmbito da concessão que celebramos”. “É um projeto integrado que inclui não só a linha férrea da CFB, mas também o terminal de uso privativo, com um contrato próprio celebrado com o Porto do Lobito”.
Mas apesar de trabalharem a partir do mesmo portos, em terminais próximos, Cátia Fernandes rejeita a ideia de que a LAR e a AGL Angola sejam concorrentes. São mais “parceiros estratégicos” que até podem vir a aprofundar as relações comerciais.
“Não somos concorrentes. Gosto de dizer que somos parceiros estratégicos. Fazemos parte do Porto tal como a LAR, somos dois dos sete terminais que existem no Porto do Lobito e somos, sem dúvida, parceiros estratégicos. Como atualmente a LAR ainda não iniciou as operações no terminal mineraleiro, é no nosso terminal se faz, por exemplo, a estufagem dos contentores para serem exportados. Mas no dia em que comecem a operacionalizar haverá oportunidade, decerto, de encetarmos relações comerciais para outras atividades”, disse a diretora da AGL.
Francisco Franca também apontou a “ligação natural” do Porto do Lobito ao Porto de Sines. E para a exportação de um metal em particular, o cobre. “O Porto do Lobito está no lado Atlântico. [Em África] Há dois ou três portos principais do lado do Índico. E a nossa obrigação é trazer os minérios e tudo aquilo que temos de exportar, não só no nosso terminal mineraleiro, mas também a exportação do cobre. A ligação a Portugal é uma ligação natural. A ligação ao Porto de Sines vai ser uma ligação natural. No dia em que tivermos de exportar cobre para os Estados Unidos ou para outros portos, provavelmente faremos uma ligação a Sines.
Também presente no painel sobre a importância do Corredor do Lobito estava o presidente do conselho de administração da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola. Um regulador do sector que tem trabalho acrescido no novo contexto do Corredor do Lobito e uma missão clara.
“Estamos a falar de logística e quando se fala de logística é sempre importante dizer que toda a atividade precisa de regulação. É preciso criar normas para realizar essa atividade. É assim que nasce a ARCCLA. A Agência vem não só para regular e supervisionar a atividade logística, mas também para dinamizar essa rede, ou seja, dinamizar o processo logística em Angola”, disse Catarino Fontes Pereira.
E essa dinamização do processo logístico passa, fundamentalmente, pela criação da Rede Nacional de Plataformas Logísticas, “bem como o desenvolvimento dos corredores sustentáveis, ou seja, os corredores logísticos”, salientou. Além de ter o caminho de ferro, o Corredor do Lobito tem outras infraestruturas que agregam valor a esse corredor. “O papel da ARCCLA é, assim, ser o elo de facilitação ou o elo de ligação para que toda a atividade que é realizada, ligada a parte da logística, tenha um ente. Esse ente é a ARCCLA”.
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