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Trotinetas elétricas são amigas do ambiente? Estudo tem dúvidas

Em causa estão um conjunto de fatores que os investigadores consideram fulcrais nesta análise, nomeadamente a produção industrial, o carregamento elétrico e uso das carrinhas que recolhem as trotinetes.
21 Agosto 2019, 12h46

A febre das trotinetas não para de aumentar. Enquanto os gigantes do setor continuam a atrair capital a um ritmo recorde – atualmente nove empresas deste meio urbano operam em Lisboa –  devemos refletir sobre o verdadeiro impacto que elas têm tanto na mobilidade como no ambiente.

De acordo com um estudo divulgado pela revista Environmental Research Letters, elaborado por investigadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, estes veículos de mobilidade pessoal podem, afinal, ser menos amigos do meio ambiente

Os investigadores calcularam um conjunto de fatores que consideram fulcrais nesta análise, nomeadamente a produção industrial, o carregamento elétrico e uso das carrinhas que recolhem as trotinetas. Assim, apesar de o veículo em si ser pouco poluente, todo o processo acaba por fazer com que este meio de transporte seja responsável por mais emissões de gases de estufa do que as bicicletas, os autocarros ou mesmo os ciclomotores.

Depois de analisar os meios de transporte elétricos de duas rodas disponibilizados pelas empresas Lime e Bird em Raleigh, capital da Carolina do Norte, não tiveram dúvidas. O estudo em causa destrói a imagem de neutralidade carbónica que em que as empresas de trotinetas baseiam.

Devido a uma utilização inadequada e aos muitos atos de vandalismo de que são alvo, as trotinetas não têm, em média, um tempo de vida útil superior a dois meses, o que obriga os fabricantes a ter de reforçar a produção, o que acaba por ter consequências gravosas para o meio ambiente.

Muitas delas são fabricadas em alumínio na China e enviadas de avião ou de barco  para os EUA e para a Europa, numa viagem que também implica o transporte através de rodoviários, o que aumenta consideravelmente a sua pegada ecológica e obriga a uma extração acrescida deste material, o elemento metálico mais abundante da crosta terrestre.

Em comunicado, a Lime, uma das empresas visadas pelo documento, já reagiu publicamente à investigação, criticando-a. “Este estudo baseia-se, em grande medida, em suposições e em dados incompletos que acabam por interferir com os resultados [apurados pelos cientistas americanos]. Estamos convictos que a micromobilidade reduzirá a contaminação e mitigará as alterações climáticas”, referem ainda os responsáveis da companhia.

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