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Banco de Portugal com prejuízo operacional de 1.054 milhões de euros

O regulador acredita que, “à medida que o enquadramento monetário seguir uma trajetória de normalização no médio prazo, é expectável que o mesmo aconteça com os resultados”.
16 Maio 2024, 11h00

O Banco de Portugal registou um resultado negativo antes de provisões e impostos de 1.054 milhões de euros em 2023, de acordo com o relatório do conselho de administração do regulador divulgado esta quinta-feira.

“A materialização do risco de estrutura de balanço criou um desencontro entre a remuneração dos ativos e o custo dos passivos. Os títulos dos programas de política monetária apresentaram rentabilidades fixas inferiores às dos passivos de curto prazo, que são remunerados a taxas variáveis, associada maioritariamente às taxas de política monetária, gerando uma margem financeira negativa”, detalha o Banco de Portugal.

Neste período, diz o Banco de Portugal, “as provisões acumuladas ao longo dos anos permitiram absorver este resultado”, com a banco central a utilizar a provisão para riscos gerais (PRG) para a cobertura total do resultado antes de provisões e impostos. Nesse sentido, o resultado antes de impostos foi nulo.

“O montante remanescente da PRG permite continuar a cumprir os objetivos estratégicos de cobertura de risco definidos pelo conselho de administração”, indica.

Por outro lado, a despesa de funcionamento do banco totalizou 197 milhões de euros. “Apesar do cenário inflacionista”, os gastos registaram uma subida ligeira, de 0,8%, “continuando a refletir uma política de racionalização e contenção de despesas”. Entre as principais rubricas, os gastos com pessoal caíram de 130,7 para 125,1 milhões de euros em 2023.

No final de 2023, o balanço do Banco de Portugal totalizava 185 mil milhões de euros, menos 13 mil milhões do que no final de 2022.

“Esta evolução traduziu, em grande medida, a diminuição do financiamento às instituições de crédito, com o vencimento de grande parte das operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (TLTRO III), mas também a redução dos títulos detidos para fins de política monetária, em decorrência do fim do reinvestimento do vencimento de títulos do Programa de Compras de Ativos (APP)”, diz o regulador.

“Assim como, nos últimos anos, a política monetária influenciou positivamente o balanço do Banco, o seu efeito faz-se agora sentir em sentido contrário. À medida que o enquadramento monetário seguir uma trajetória de normalização no médio prazo, é expectável que o mesmo  aconteça com os resultados”, remata o Banco de Portugal.

O “Jornal de Negócios” já tinha avançado que o regulador teria um prejuízo operacional superior a mil milhões de euros, o que deixou o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, “surpreendido” e “preocupado”.

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