Primeiro foi Neom, a cidade do futuro engendrada pela Arábia Saudita, agora é a China que, em regime de feroz concorrência, anunciou que vai lançar a sua própria mega-cidade onde só a modernidade – a que existe e a que entretanto for criada – para deleite dos chineses, mas principalmente para, como se Xangai já houvesse sido esgotada, atrair investimento estrangeiro.
É assim que a China quer promover a sua denominada Nova Rota da Seda – um artifício comercial que chegou a ganhar lastro em Portugal – como uma das formas de vencer a luta económica com o Ocidente. A acrescentar, dizem os chineses, a nova cidade e a Rota da Seda em geral é também um plano para minimizar as desigualdades sociais internas, reduzir a poluição e aliviar a superlotação de Pequim. Para cumprir todos esses objetivos, o governo de Xi Jinping tem em mente lançar a construção na região de Xinjiang, um deserto com o dobro do tamanho de França e da Península Ibérica juntas, mais metro menos metro.
Os jornais internacionais dão conta de que uma equipa de investigação da Universidade de Sichuan publicou um relatório em abril de 2023 no qual apontava para a necessidade de criar uma segunda capital estadual perto de Urumqi, a principal cidade da província autónoma de Xinjiang, onde o grupo étnico muçulmano uigur é a maioria. Impulsionar o desenvolvimento económico nas regiões ocidentais do país, que são tradicionalmente menos prósperas que as províncias orientais, onde se concentra a maior parte da atividade comercial, estará também na mente do governo.
Uma nova capital redistribuiria a atividade económica chinesa, altamente concentrada no leste do país, onde estão localizadas cidades importantes como Pequim, Xangai e Hong Kong, refere o estudo. Convém observar-se que o lugar escolhido é o mais próximo da Europa, o que permitiria uma ligação (mais ou menos) direta com o ‘velho’ continente – que por estes dias faz tudo, sem grande eficácia, para livrar-se da dependência da produção oriunda da China. O facto de a insurgência muçulmana ter por ali assento também não será despiciendo: haverá com certeza um controlo adicional.
As obras, que começaram em 2018 e a ideia é usar todo o tipo de inovação tecnológica para otimizar tudo. Wang Liming, chefe do projeto, disse ao jornal “South China Morning Post” que o próximo passo é instalação de veículos autónomos, bem como o uso de sistemas de reconhecimento de obstáculos. A rede de reservatórios servirá para armazenar água do derretimento do gelo e das inundações sazonais, distribuindo-a de forma mais equitativa por toda a região do deserto de Xinjiang. Uma vez concluído, este projeto poderá atender às necessidades de 200 milhões de pessoas.
Quanto à saudita Neom, a cidade futurista que vai nascer entre a areia do deserto e a água salgada do Mar Vermelho, será 30 vezes maior que Nova Iorque e vai obrigar a um investimento de cerca de 460 mil milhões de euros por parte do governo saudita. A cidade pretende livrar-se da dependência do petróleo e terá (bom, ninguém sabe se terá…) táxis voadores, aulas recorrendo a professores em versão holograma, uma lua artificial para iluminar as noites, praias com areia que brilha no escuro, uma espécie de parque jurássica com dinossauros robóticos e hotéis que ainda ninguém viu.
As novidades têm sido reveladas aos poucos, cada uma melhor e mais incrível do que a outra. Uma das primeiras etapas a ser anunciada foi o The Line, uma das regiões que já começou a ser construída. Para o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, “este vai ser o melhor sítio para viver de longe, em todo o planeta”. O The Line será a maior estrutura do mundo, um projeto que consiste na construção de uma gigantesca cidade vertical, que se estende por 170 quilómetros. Melhor é difícil de imaginar!
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