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Companhias aéreas evitam pagar 11 milhões de euros prolongando tempos dos voos

AirHelp alerta para esquema de companhias aéreas para escapar a indemnizações a passageiros. Segundo as regras comunitárias, as companhias aéreas responsáveis por atrasos superiores a três horas, cancelamentos ou recusas de embarque, terão de pagar uma indemnização de até 600 euros.
10 Dezembro 2018, 16h12

As companhias aéreas estão a prolongar as horas de voo das suas rotas, revelando uma tática que permite alegar melhorias na sua performance e pontualidade evitando o pagamento por atrasos, de acordo com um estudo que, segundo a Airhelp, empresa especialista nos direitos dos passageiros aéreos, evita que as transportadoras aéreas tenham desde 2015 evitado pagar 11 milhões de euros em compensações.

“Ao longo dos últimos anos, verifica-se uma clara tendência de aumento dos montantes que as companhias têm poupado com esta tática: em 2015, foi “apenas” 1,5 milhões de euros; em 2016, foram 2 milhões de euros; em 2017, quase 4 milhões de euros; em 2018, já ultrapassou 4 milhões de euros. No total, conseguiram evitar o pagamento de mais de 11 milhões de euros em compensações”, sublinhou a Airhelp num comunicado enviado à redação, esta segunda-feira.

De acordo com uma investigação da organização britânica de defesa dos consumidores Which?, algumas rotas operadas por companhias como a British Airways, EasyJet ou Ryanair estão, agora, até 35 minutos mais lentas do que registos anteriores a 2015. Também os dados da OAG, uma entidade especializada em dados de viagens aéreas, revelaram que as companhias têm por hábito prolongar os tempos de voo das suas rotas.

“Esta tática não só permite às companhias alegarem melhorias na sua performance como evitar em algumas circunstâncias o limite de três horas para atrasos, o qual permite aos passageiros afetados exigir compensações financeiras ao abrigo da legislação da União Europeia”, lê-se no documento da Airhelp.

Airhelp”Muitas companhias aéreas tentarão dificultar aos passageiros a obtenção de uma compensação elegível e a tática de prolongar os tempos dos voos é uma forma de reduzir as hipóteses de estes apresentarem a reclamação”, comentou o porta-voz da Airhelp, Andreas Hermansson, citado no mesmo comunicado.

A tática de “empatar é uma prática comum para muitas companhias aéreas”, prosseguiu, considerando que “embora também seja verdade que os aviões modernos podem viajar um pouco mais devagar para consumir menos combustível, a tática de prolongar os tempos dos voos ajuda as companhias a evitarem custos extras em compensações devido a atrasos”.

A Airhelp defende, por isso, a necessidade de ocorrer uma “avaliação oficial para definir quais os tempos justos para a duração de um voo” e, nesse sentido, alerta para os direitos dos passageiros das transportadoras aéreas.

No caso de atrasos superiores a três horas, cancelamentos de voos ou impedimento de embarque, os passageiros podem ter direito a uma compensação até 600 euros por pessoa, em determinadas circunstâncias, além do agendamento de nova viagem ou do reembolso do bilhete. As condições para que tal aconteça determinam que o aeroporto de partida se encontre dentro da UE, ou que a companhia aérea tenha sede na UE. A origem da perturbação deve ser causada pela companhia e o direito à compensação financeira deve ser reclamado no prazo de três anos, a contar da data da perturbação.

Por outro lado, circunstâncias extraordinárias como tempestades ou emergências médicas isentam as companhias da obrigação de compensar os passageiros. Se o passageiro ficar retido no aeroporto por mais de duas horas, as companhias aéreas também são obrigadas a fornecer refeições, bebidas, acesso a comunicações e acomodação, se necessário.

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