Cabo Verde quer que sejam dados “passos concretos” para reforçar a cooperação económica na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entendendo que a criação de um banco de investimentos seria uma “excelente medida”, disse hoje fonte oficial.
“A nossa expectativa é que conheçamos passos concretos e medidas concretas para reforçar a cooperação económica entre os países da CPLP”, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional de Cabo Verde, Rui Figueiredo Soares, em antevisão à cimeira de chefes de Estado e de Governo no dia 27, em São Tomé e Príncipe.
Segundo o governante cabo-verdiano, o facto de os países estarem espalhados por vários continentes pode dar “um contributo muito útil” para o desenvolvimento das nações lusófonas.
Instado a apontar medidas concretas que possam ser adotadas, o chede da diplomacia cabo-verdiana lembrou que já se falou, por exemplo, da criação de um banco de investimentos da CPLP.
“Esta seria uma excelente medida. Alguns governos já referiram este aspeto, Cabo Verde apoiou desde a primeira hora esta ideia da criação de uma estrutura financeira, está-se a analisar”, mencionou Rui Figueiredo Soares.
“Sabemos que o mundo hoje também passa por situações difíceis a seguir à pandemia de covid-19, nós estamos em plena retoma agora com a guerra na Ucrânia, talvez não seja o melhor momento, mas pensamos que iniciativas desta natureza devem ser levadas a cabo para que possamos ter instrumentos de cooperação económica entre os nossos países, isto é fundamental”, completou.
Mesmo com o reforço do pilar económico, o ministro entendeu que as questões de mobilidade devem continuar na agenda da comunidade, pontuando que foram o “prato forte” da presidência de Cabo Verde (2018-2021).
“Foi sob a presidência de Cabo Verde que a questão da mobilidade viu a luz do dia, conseguimos encontrar o entendimento necessário para dar este passo muito importante, a mobilidade deve continuar a estar em cima da mesa, mas a mobilidade não será apenas para o turismo, não será apenas para fins científicos, deve haver mobilidade também para cooperação entre os atores económicos dos diferentes países da CPLP”, apontou.
Quase 30 anos após a sua criação, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde entende que a CPLP ainda tem um caminho a percorrer, mas que a sua institucionalização permitirá dar um “passo à frente” no estudo de novas formas de cooperação entre os países.
“Os países estão em diversos pontos distantes do mundo. Se atentarmos em Timor-Leste de um lado, o Brasil no outro, os países africanos, Portugal na Europa, há uma diversidade grande, mas é esta diversidade que faz o lastro da nossa relação”, sublinhou, considerando que até agora foram dados “passos muito importantes”.
“Esta comunidade está a ganhar um corpo, está a ganhar visibilidade internacional de tal maneira que muitos países querem ser observadores da CPLP. Isto é, nós somos uma comunidade com muito potencial e muito apetecida para países, alguns que querem mesmo ser membros de pleno direito, apesar de não terem à partida a língua portuguesa como língua oficial”, frisou Soares, considerando que isso é indicativo da pujança da comunidade e das suas imensas potencialidades.
A cimeira em São Tomé e Príncipe, ocasião em que este país assumirá a presidência rotativa da comunidade, decorrerá sob o lema “A Juventude e a Sustentabilidade na CPLP”.
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