[weglot_switcher]

Custo de vida, imigração e guerras com forte impacto nos últimos cinco anos

A Euroconsumers analisou quatro países – Bélgica, Espanha, Itália e Portugal – e encontrou os maiores medos da população. Concluiu também que a maioria dos portugueses tem dúvidas sobre o funcionamento das instituições.
6 Maio 2024, 19h32

A Euroconsumers, entidade europeia de defesa de consumidores da qual faz parte a DECO PROteste, realizou um inquérito a 1.003 portugueses entre 18 e 21 de março sobre as instituições europeias, no âmbito das eleições ao Parlamento Europeu (PE), que acontecem a 9 de junho. “As perguntas foram colocadas em quatro países, Portugal, Espanha, Bélgica e Itália, e abordam vários campos: eleições, conhecimento sobre as instituições, influência na vida dos cidadãos, preocupações e atuação da União Europeia”, revela aquela entidade em comunicado.

Quando o inquérito foi realizado, a larga maioria dos portugueses (56%) “sentia-se ainda mal informada sobre os programas eleitorais dos grupos políticos com assento no Parlamento Europeu”. Entre os inquiridos lusos, a decisão sobre o partido a votar é tomada com base na informação dos programas eleitorais (41%) ou seguindo a cor política que apoiam ao nível nacional. Contudo, cerca de 1/3 dos inquiridos não pretendem ir votar, justificam a ausência de informação disponível como um dos principais motivos”, revela o inquérito.

De acordo com as conclusões anunciadas, Portugal é o país que avalia mais positivamente a atuação da União nos últimos cinco anos (39% em Portugal, face a 26% de média nos quatro países analisados), especialmente durante a pandemia por Covid-19, cuja gestão 68% dos inquiridos portugueses consideram positiva. “Em termos médios, nos quatro países, quando questionados sobre esta matéria em concreto, apenas 26% dos inquiridos avaliam positivamente a atividade global da UE nos últimos cinco anos, enquanto 34% a avaliam de forma negativa”. Os aspetos em que a atuação da UE merece mais críticas em Portugal são a inflação e o custo de vida (73% avalia-as negativamente em Portugal; 65% em média nos quatro países), a imigração (52%; 63%), a guerra Israel/Palestina (45%; 53%) e a guerra na Ucrânia (36%;45%).

Já as maiores preocupações futuras dos inquiridos em Portugal, “em que a confiança na União Europeia é baixa, são a inflação e o aumento do custo de vida (71%, face a 64%, em  média, do total dos 4 países); a guerra na Ucrânia (60%; 47%); uma possível nova guerra mundial (56%; 45%); o conflito entre Israel e a Palestina (51%; 40%) e as alterações climáticas (49%; 45%). Já em relação a uma possível nova pandemia (41%; 30%) existe maior confiança”.

Sobre a função e o modo de funcionamento da UE, apenas 24% dos portugueses mostram estar bem informados, face a 19% que revelaram um desconhecimento generalizado acerca da UE. “As dúvidas mais marcantes relacionam-se com o modo como o número de deputados do PE é determinado e como são eleitos, a rotatividade entre países da presidência do Conselho Europeu e a forma de aprovação das diretivas”.

Sobre as ações que a UE tem vindo a tomar, o inquérito revela que “os portugueses destacam como temas muito importantes a exigência que aquela tem feito às redes sociais para a proteção dos menores (80%); assim como medidas de cibersegurança mais restritivas que protegem os aparelhos conectados à Internet (76%). Os portugueses reconhecem a ação da UE em temas como as redes sociais, a abolição de taxas de roaming e a implementação de limites mais baixos nas emissões de Co2 pelos automóveis. No entanto, sentem que a informação é reduzida”.

Sobre as prioridades que os consumidores acham que a UE deve ter nos próximos cinco anos em temas relacionados com consumo, “os cidadãos inquiridos consideram como alta prioridade garantir que os medicamentos estejam disponíveis e a preços acessíveis (76% em Portugal; 83% no total dos quatro países); garantir que os seus atuais direitos sejam respeitados (73%; 74%); prevenir a disseminação de informação falsa através de Inteligência Artificial (73%; 72%);  combater as fraudes financeiras em linha (73%; 74%), tornar os alimentos saudáveis e sustentáveis mais acessíveis (73%; 76%)”.

Finalmente, o inquérito revela que “83% dos portugueses (80% em média nos quatro países analisados) consideram que a UE deve ter sempre em conta o impacto das medidas que toma nas gerações futuras”. Por outro lado, pensam que os Estados-membros deveriam atuar considerando a Europa como um todo, e não defender apenas os interesses dos seus países. 73% dos inquiridos (65% nos quatro países) acham também que as políticas “verdes” são importantes para o futuro dos consumidores, enquanto 68% (59%) defendem um sistema fiscal conjunto. A maioria (51%; 44%) confia na Europa para resolver problemas relacionados com os consumidores, metade defende mais Europa e a mesma percentagem (50% nos quatro países analisados) afirma que a UE torna a vida dos consumidores mais cara.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.