O líder do Chega leu uma lista de nomes de crianças de uma suposta turma para demonstrar que são “zero portugueses”. “Foi culpa vossa. Hoje as escolas são isto por culpa vossa”, atirou André Ventura. O número levou a que todas as bancadas à esquerda manifestassem indignação, com a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, a emocionar-se.
Pedro Delgado Alves, deputado do PS, foi o primeiro a fazer uma interpelação à mesa sobre a condução dos trabalhos, pedindo uma reflexão sobre o que fez André Ventura e sobre o “monstro que se acorda e a caixa de pandora que abre quando crianças são instrumentalizadas na sala das sessões do Parlamento para um debate que instiga o ódio”.
“Este número que foi feito é replicado em redes sociais, em que leem integralmente nomes de crianças, muitas das quais podem ser cidadãos portugueses de origem que podem ter nomes estranhos mas que são portugueses há largas décadas, cidadãos portugueses que nasceram nos territórios então ultramarinos, cidadãos que nasceram no território nacional, e que a estranheza aparente do seu nome não diz nada sobre a sua origem, e que nos merecem respeito. A câmara tem de fazer esta reflexão, assim como respeitamos as pessoas que se sentam nestas bancadas e que podem só ser cidadãos nacionais há dez ou menos anos”, disse o socialista.
Da parte do Livre, a líder da bancada assinalou que quando são ditos nomes de crianças no Parlamento, cada uma que ouça tal referência “vai pensar que o Parlamento está a falar dela” e que os colegas que conhecem a criança referida vão identificar o nome. “Este Parlamento tem de ter humanismo, principalmente com as crianças e parece-me obrigação da mesa não deixar que sejam ditos nomes de crianças neste Parlamento”, disse Isabel Mendes Lopes, visivelmente emocionada.
Seguiram-se, na mesma linha, pedidos de interpelação feitos pelo PCP, através da líder parlamentar Paula Santos, do Bloco de Esquerda, e de Inês Sousa Real, do PAN, todos lamentando o número feito por André Ventura durante o debate sobre a proposta do Governo sobre a Lei da Nacionalidade, e alertando para o dever constitucional de proteção de todas as crianças.
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