[weglot_switcher]

“Diplomacia gastronómica” promovida pelo Instituto do Mundo Lusófono em Paris

Foi no fim de semana passado que o Palais des Congrès, em Paris, acolheu a primeira edição do Festival Gastronómico Internacional “Maillot à Table”, fruto da vontade e de várias parcerias que juntaram a Câmara de Comércio e Indústria de Paris, as Comunidades Intermunicipais (CIM) do Alto Minho e do Cávado, e o Município da Sertã.
23 Maio 2025, 23h09

Promover a diversidade e o diálogo intercultural através da gastronomia. O desejo partiu de Isabelle de Oliveira, fundadora do Instituto do Mundo Lusófono (IMLUS), no final do ano passado, em circunstâncias que a realidade já mostrou ser o local onde muito se resolve – à mesa -, e concretizou-se poucos meses mais tarde.

Foi no fim de semana passado que o Palais des Congrès, em Paris, acolheu a primeira edição do Festival Gastronómico Internacional “Maillot à Table”, fruto da vontade e de várias parcerias que juntaram a Câmara de Comércio e Indústria de Paris, as Comunidades Intermunicipais (CIM) do Alto Minho e do Cávado, e o Município da Sertã.

Organizado pelo IMLUS em parceria com a Câmara do 17.º Bairro de Paris, o evento juntou a gastronomia, cultura e tradições de países dos vários cantos do mundo: Portugal, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Moldávia, Arménia, Lituânia, Coreia do Sul, Filipinas, Marrocos, Cazaquistão, Zimbabué, Peru, Nepal, Itália, Haiti e Sri Lanka.

“O Instituto do Mundo Lusófono, que tem várias parcerias com instituições em Paris, lançou o desafio a alguns parceiros e, mais tarde, ao mundo lusófono”, explicou Isabelle de Oliveira ao Jornal Económico (JE).

Para a também fundadora do Círculo de Negócios de Língua Portuguesa para Mulheres (CNLP), o evento foi “um enorme sucesso” e “mais uma prova da vitalidade e relevância da cultura e das indústrias culturais portuguesas e da lusofonia, levando ao mundo e projetando e divulgando as tradições, sabores e paladares riquíssimos e variadíssimos da Gastronomia Portuguesa”.

Da Sertã para Paris “viajaram” o típico maranho, vinhos da região, queijos e enchidos, kombucha de medronho, entre outros.

“Temos produtos de grande qualidade. Somos um território que também já atrai muitos turistas e com dinâmica empresarial. Aqui [Paris] podemos também atrair investimento”, explicou Carlos Miranda, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, ao JE.

Enquanto autarca, “sempre quis ter uma política de internacionalização do território”. “Temos que procurar mercados fora da nossa região”. E Paris faz parte do mapa, notou. Dessa estratégia fazem parte os “vizinhos espanhóis da Extremadura” e a capital francesa, onde vivem “muitos emigrantes e descendentes de imigrantes” daquela região.

A representar os municípios de Barcelos, Esposende, Braga, Vila Verde, Terras de Bouro e Amares esteve Mário Constantino Lopes, vice-presidente da CIM Cávado e Presidente da Câmara Municipal de Barcelos.

“A gastronomia também é isto. À volta de uma de uma qualquer iguaria há uma história. Essa história é uma tradição e a identidade da nossa região”, disse ao JE o autarca.

“Quisemos com isto aproximar os povos. Vir aqui à nossa diáspora mas também desafiar os franceses e quem visitou o festival a visitar a nossa região, que poderá potenciar alguns investimentos e visitas culturais e turismo à nossa região. Porque a nossa região tem muitas particularidades interessantes: vai da serra ao mar, de do Gerês até Esposende. Tem Braga como capital da religiosidade em Portugal, com muita carga monumental. E Barcelos, que é muito forte no artesanato, na agricultura, no têxtil e no figurado.”, explicou.

A região do Alto Minho, junto à fronteira, levou à primeira edição do “Maillot à Table” os vinhos Alvarinho de Monção e de Melgaço, e Loureiro do Vale do Lima, entre outros produtos.

“É uma região que tem muitos recursos turisticamente: o Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde está Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, o Caminho de Santiago…”, listou José Paulo Queiróz, da CIM Alto Minho, composta pelos municípios de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção, Melgaço e Paredes de Coura.

Com quase 250 mil habitantes, é uma região, “muito atrativa do ponto de vista turístico”, mas também “do ponto de vista empresarial”, dado que “oferece muito boas condições para as empresas se instalarem”, refere o mesmo responsável.

Ao JE, Gérald Barbier, primeiro-vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Paris, assinalou a “importância” do evento gastronómico no âmbito dos trabalhos que o Instituto do Mundo Lusófono promove entre empresas portuguesas e francesas. De acordo com Barbier, que preside o comité estratégico de desenvolvimento do IMLUS, “não existem muitas empresas portuguesas” em território francês. “Há um desenvolvimento a ser feito principalmente com as empresas industriais portuguesas, o que nos pode trazer uma grande complementaridade no desenvolvimento de França e também no intercâmbio de empresas francesas”, defendeu.

“É para continuar. A ideia é repetir todos os anos, alargar e ir crescendo aos poucos. Foi um pontapé de saída”, explicou, admitindo que Lisboa e Porto poderão fazer parte da equação em 2026.

De acordo com a fundadora da associação, mais de cinco mil pessoas terão passado pelo evento ao longo do dia.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.