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Espanha: Pedro Sánchez ‘ameaça’ com eleições antecipadas

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que irá comparecer perante o Congresso a 22 de julho para apresentar o novo elenco do seu próximo governo
  • Pedro Sanchéz, líder do PSOE e primeiro-ministro de Espanha
21 Julho 2019, 14h00

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que irá comparecer perante o Congresso a 22 de julho para apresentar o novo elenco do seu próximo governo e o respetivo programa – mesmo que até lá não consiga um acordo suficientemente abrangente para ter uma maioria de apoio, ou pelo menos de ‘não bloqueio’.

Nas entrelinhas, fica claro que se os restantes partidos não deixarem passar a formação que for apresentada nessa altura, o país pode ter de repetir o ato eleitoral, mantendo um registo de crise política que, no fundamental, existe há mais de três anos: a impossibilidade de um governo de maioria absoluta.

Para o analista António Costa Pinto, este desfecho está cada vez mais no horizonte político: “é o cenário mais provável”, disse em declarações ao JE, mesmo que isso adiantou, possa não resolver coisa nenhuma.

De facto, segundo as sondagens realizadas já depois das eleições, o PSOE não tem margem para conseguir uma maioria absoluta, mas o ‘forcing’ que Pedro Sánchez está a levar por diante pode produzir uma espécie de milagre: a última pesquisa conhecida coloca o PSOE junto da fasquia dos 40% – alimentando-se da diminuição das intenções de voto no Podemos.

Este é um problema para Sánchez: sendo o Podemos uma espécie de parceiro natural do PSOE, o crescimento dos socialistas tem de ser feito – para produzir os efeitos desejados – à custa do PP e do Cuidadanos, sob pena de o lado esquerdo do Parlamento não ganhar dimensão suficiente para o Sánchez poder formar governo sem ter de negociar a abstenção de um dos partidos da direita.

De qualquer modo, a pressão está do lado do PP e do Ciudadanos: “eles sabem que, se foram apresentados como os culpados de novas eleições antecipadas, serão penalizados pelo eleitorado por isso”, disse Costa Pinto.

Com os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha a assegurar que votará favoravelmente a formação apresentada pelo PSOE e o Podemos a insistir que quer entrar nessa formação, Sánchez parece ser o menos pressionado pelo plano que gizou. De qualquer modo, em princípio, os espanhóis irão para férias sabendo o que podem esperar na ‘rantrée’ política em setembro.

Artigo publicado na edição nº 1996, de 5 de julho, do Jornal Económico

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