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Espanha: Telefónica melhora quadro do despedimento coletivo mas sindicatos não dão aval

A operadora, que tem na Saudi Telecom o seu novo acionista de referência, reduziu em mais de 20% o universo do despedimento, mas os sindicatos continuam a considerar insuficiente.
14 Dezembro 2023, 10h35

Nova reunião entre a Telefónica e os sindicatos permitiu que o número de trabalhadores que serão alvo de despedimento no quadro da regulamentação laboral (ERE, semelhante ao despedimento coletivo) do grupo Telefónica de España, Móviles y Soluciones fosse reduzido de 5.124 pessoas para 3.959 funcionários, cerca de menos 22%, segundo avança em comunicado a UGT, uma das centrais sindicais envolvidas nas negociações.

A operadora indicou que as saídas ocorrerão apenas em áreas não críticas, referem os jornais espanhóis. As áreas críticas são aquelas em que a empresa entende que não há excesso de pessoal e incluem áreas comerciais como a venda direta de segurança digital ou cibersegurança, negócios e engenharia, entre outras.

A empresa apresentou também um plano social baseado em três secções de despedimentos coletivos, consoante o ano de nascimento. Assim, para as pessoas nascidas em 1968, a operadora oferece 60% do salário regulamentar até aos 63 anos e 30% até aos 65 anos.

Para colaboradores nascidos em 1967, 1966 ou 1965, a empresa oferece 55% do salário regulamentar até 63 anos e 30% até 65 anos; enquanto para pessoas nascidas em 1964 ou antes, oferece 50% do salário regulamentar até os 63 anos e 30% até os 65 anos.

Além disso, a empresa oferece o pagamento do chamado convénio especial de previdência social (CESS) até os 63 anos. Quanto à apólice de saúde, propõem cobrir 40% do custo da apólice básica até aos 61 anos.

A UGT afirmou que com esta oferta não haverá acordo, garantindo que os números são absurdos e estão muito longe de qualquer tipo de acordo. E exigiu uma “proposta séria” com valores económicos que melhorem o estabelecido nos planos de saída e possibilitem, em qualquer caso, a voluntariedade e o acesso à reforma.

A central sindical tem também insistido que o despedimento coletivo e o acordo façam parte de uma negociação conjunta; em nenhum caso haverá acordo se não for alcançado também um entendimento para o Terceiro Acordo de Empresas Ligadas (CEV) “que garanta a estabilidade e direitos dos “trabalhadores”.

O conflito sucede no quadro da aquisição por parte da Saudi Telecom Company de 9,9% das ações da Telefónica por um valor de 2,1 mil milhões de euros, anunciada no início do passado mês de setembro. A transação foi financiada através de uma combinação de recursos próprios e dívida bancária da operadora. Em comunicado à época, o grupo saudita informou que não tinha intenção de adquirir o controlo ou uma participação maioritária no grupo espanhol.

A Saudi Telecom tem agora direitos de voto sobre o capital social direto da Telefónica, sujeito à aprovação dos reguladores. Até então, o maior investidor da empresa de telecom espanhola era o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, com participação de cerca de 5% (no fim de 2022).

A operadora saudita vem investindo na expansão dos seus negócios e desde o início deste ano comprou o equivalente a 1,2 mil milhões de euros em ativos na Bulgária, Croácia e Eslovénia (Grupo Unitel) e no Paquistão.

De relembrar que a Saudi Telecom também demonstrou interesse na Altice Portugal, dona da Meo.

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