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Família Trump fecha acordo de licenciamento de serviço telefónico

E anuncia vende de dispositivo de 499 dólares alegadamente fabricado nos Estados Unidos – o que levanta algumas dúvidas, dada a inexistência de um fabricante caseiro com capacidade de fornecimento alargado.
Donald Trump
EPA/CHRIS KLEPONIS / POOL
16 Junho 2025, 17h13

Não é só fora de portas que a família Trump continua a fazer negócios sob o ‘chapéu’ do nome do presidente dos Estados Unidos: a empresa familiar que leva o seu nome acaba de licenciar um serviço de telemóveis nos Estados Unidos e a venda de um smartphone de apenas 499 dólares. O negócio, segundo avança a agência Reuters, chamar-se-á, evidentemente, Trump Mobile, num acordo intermediado pelos filhos do presidente.

O novo negócio móvel, anunciado na Trump Tower em Manhattan, operará utilizando as redes das três principais operadoras de telefonia móvel do país. Não foram divulgados outros detalhes, nomeadamente no que diz respeito a eventuais sócios da família ou aos termos comerciais e financeiros do acordo de licenciamento.

“Vamos lançar um pacote completo de produtos onde as pessoas poderão obter telemedicina nos seus telefones por uma taxa mensal fixa, assistência automóvel na estrada e mensagens de texto ilimitadas para 100 países do mundo”, disse o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr.

O presidente afirmou que colocou os seus interesses comerciais num fundo administrado pelos seus filhos para evitar conflitos de interesse, mas os rendimentos dos empreendimentos comerciais acabarão por enriquecer o património do presidente.

Na declaração financeira do presidente, divulgada na passada sexta-feira, Trump reportou mais de 600 milhões de dólares em receitas provenientes de acordos de licenciamento, projetos de criptomoedas, clubes de golfe e outros negócios. Os números pareciam ser referentes ao final de 2024, antes da sua tomada de posse para o segundo mandato como presidente. Desde então, somente os projetos de criptomoedas da família Trump geraram centenas de milhões de dólares, refere a agência.

“Ninguém que esteja atento pode deixar de perceber que o presidente Trump considera a presidência um veículo para aumentar a riqueza de sua família. Talvez este exemplo ajude mais pessoas a ver essa verdade inegável”, disse Lawrence Lessig, professor de direito na Faculdade de Direito de Harvard, citado pela Reuters.

O serviço móvel incluirá call centers localizados nos Estados Unidos e telefones fabricados no país, de acordo com o anúncio da Organização Trump, termo usado pela família para descrever os múltiplos empreendimentos comerciais do presidente.

O mercado de redes móveis dos EUA é dominado por três operadoras nacionais: Verizon, AT&T e T-Mobile, que juntas controlam mais de 95% do mercado. No entanto, as operadoras de redes móveis virtuais, que compram capacidade de rede às principais operadoras, estão se tornando cada vez mais populares. Este negócio representa apenas 3% a 4% das assinaturas de telefonia móvel nos EUA, e a rotatividade de clientes tende a ser alta. “A menos que a Trump Mobile ultrapasse a marca de um milhão de assinantes, o impacto financeiro será mínimo”, refere a agência.

A indústria de smartphones nos Estados Unidos está entre as mais saturadas e competitivas do mundo, com os principais players globais, Apple e Samsung, a dominarem o mercado. Quase todos os smartphones comprados nos Estados Unidos são fabricados no exterior — principalmente na China, Coreia do Sul e, cada vez mais, na Índia e no Vietname. Apesar da força das marcas de tecnologia sediadas nos EUA, não há uma infraestrutura nacional significativa de produção de smartphones, em grande parte devido aos altos custos de mão de obra, à complexidade da cadeia de fornecimento e à dependência do fornecimento de componentes no exterior.

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