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Fed tem oportunidade para dar indicações sobre taxas de juro

No geral, o mercado espera que haverá três cortes nas taxas diretoras de 25 pontos base este ano, com o primeiro a ocorrer na reunião de setembro do organismo regulador norte-americano.
Fed Jerome Powell Reserva Federal
22 Agosto 2024, 12h44

Greg Meier, Diretor, economista da Allianz Global Investors (Allianz GI), considera que, intervindo o presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana, Jerome Powell, na próxima sexta-feira no simpósio anual da organização em Jackson Hole, “os investidores de todo o mundo esperam pistas sobre a direção das taxas de juro, da inflação e do crescimento económico”. “É uma oportunidade importante para Powell desafiar ou validar as expetativas do mercado sobre quando e como podem baixar as taxas diretoras a partir do próximo mês”, refere o analista.

Desde a última reunião oficial da Fed, os dados divulgados têm gerado bastante interesse. Um relatório sobre o emprego em Julho, inesperadamente fraco, levou inicialmente a uma forte venda de ativos de risco, com algumas casas de investimento a apelarem imediatamente a cortes de emergência nas taxas diretoras da Fed durante as reuniões, algo normalmente apenas observado durante um colapso económico.

“Estas preocupações parecem ter caído no esquecimento. Os investidores com uma visão mais ampla do mercado de trabalho assinalaram que o desemprego aumentou devido aos novos entrantes no mercado de trabalho e não tanto porque as pessoas foram subitamente despedidas”. E a maioria dos outros dados do emprego continua positiva, até mesmo forte, incluindo as ofertas, os despedimentos, os inquéritos aos consumidores e às empresas, entre outros.

Quando, na semana passada, foram divulgados números das vendas a retalho de julho acima do esperado, a maioria dos ativos de risco tinha recuperado totalmente da liquidação induzida pelos dados de emprego, refere Meier.

“O desafio para Powell é traduzir o cenário recentemente volátil em expetativas monetárias. É provável que adote uma abordagem tranquilizadora, concentrando-se em três aspetos-chave: progressos na inflação, reequilíbrio económico e orientação da política da Fed. Quanto à inflação, Powell deverá notar que as pressões sobre os preços melhoraram substancialmente e, embora haja mais trabalho a fazer, os dados recentes têm sido bastante encorajadores. Do ponto de vista do reequilíbrio, Powell poderá notar que as réplicas da era pandémica estão a desaparecer e que o duplo mandato da Fed para a estabilidade de preços e o emprego máximo está a aproximar-se do equilíbrio. Do ponto de vista político, Powell deve reiterar que, embora a Fed continue atenta aos riscos, se a economia continuar a evoluir como esperado, a flexibilização da política deverá estar a chegar”.

É importante destacar que, embora os investidores estejam ansiosos por saber se isto significa explicitamente um, dois, três ou mais cortes nas taxas de juro em 2024, Powell não deve fazer um anúncio definitivo. No entanto, se ouvirmos atentamente o que Powell vai dizer sobre os dados que está a monitorizar e como pensa que irão evoluir, deverão haver pistas claras.

Como cenário-base, “esperamos que Powell projete um ambiente de crescimento decente nos EUA, sem recessão e com uma inflação gradualmente atenuada. No geral, isto deverá significar três cortes nas taxas diretoras de 25 pontos base este ano, com o primeiro a ocorrer na reunião de setembro da Fed”.

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