A fintech Nickel nasceu em 2014 em França, tendo sido adquirida pelo banco BNP Paribas, em 2017, e agora em 2024 anuncia a sua entrada no mercado da Região Autónoma da Madeira. Vai começar com quatro postos de venda (Funchal, Ponta do Sol, e Ribeira Brava) e tem a ambição de chegar aos 25 até ao primeiro semestre de 2025, avança em exclusivo o CEO da empresa em Portugal, João Guerra, ao Económico Madeira. No território nacional existem 650 postos e objetivo é aproximar-se dos 700 ainda este ano.
Os quatro balcões onde a Nickel já esta operacional são no Funchal (Galerias de São Lourenço) e na Só Postal, na Ribeira Brava (antiga Loja da Música) e na Ponta do Sol (Papelaria Fotoluz).
João Guerra refere que da parte da Nickel já está tudo montado para que existam 25 postos da empresa no primeiro semestre contudo está pendente de aprovação, ao nível regulatório, por parte dos Bancos Centrais de França e de Portugal.
A Nickel tem presença em Portugal desde setembro de 2022. A sua internacionalização começou em Espanha em dezembro de 2020, com entradas na Bélgica em meados de 2022, e na Alemanha há pouco mais de um ano.
Através da Nickel pode realizar um conjunto de operações bancárias como por exemplo a abertura de uma conta, depósito e levantamento de dinheiro, e a troca imediata de cartão em caso de perda.
A Nickel beneficia de um modelo híbrido com uma componente digital que “permite expandir para o mercado internacional de forma mais rápida”, salienta João Guerra, e depois a componente física fazendo com que a empresa não seja exclusivamente um banco 100% digital, dando resposta a pessoas que apreciam deslocar-se a um espaço físico.
Os agentes que adiram à Nickel passam por duas formações obrigatórias, explica João Guerra. Uma delas ligada ao combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento ao terrorismo, que tem de ser atualizada de ano a ano, e outra do Banco de Portugal, ligada à nota bancária, que tem de ser renovada de três em três anos.
Só em França, a Nickel tem quatro milhões de clientes. O objetivo já para o próximo ano é ter a maior rede de distribuição e acesso a contas e a serviços bancários essenciais da Europa e atingir os 5,5 milhões de clientes particulares.
“Conseguiremos isso assim que ultrapassarmos os cerca de 12 mil pontos de venda. Neste momento temos oito mil pontos de venda em França e 2.300 em Espanha. Só nas Canárias há 150 agentes. Na Alemanha temos 750, e em Portugal 650″, referiu João Guerra.
João Guerra salienta que a compra da Nickel pelo BNP Paribas, em 2017, trouxe várias vantagens e também o desafio da internacionalização.
João Guerra salienta que isso dá à empresa um “equilíbrio muito interessante” porque permite “manter toda a autonomia” da componente orçamental e estratégica e também “aportar muitos serviços muito relevantes” no sector, em áreas como compliance, controlo dos riscos, e a parte jurídica.
“Acho que temos um equilíbrio perfeito. A Nickel mantém a sua agilidade e capacidade de inovação típica das fintech, mas depois com toda esta robustez, em áreas críticas neste sector” referiu João Guerra.
João Guerra destaca que a empresa acabou por ser criada para tentar responder a questões ligadas à maneira como se poderia prestar serviços bancários e financeiros que fossem essenciais à população e que serviços seriam esses.
“80% da população dos particulares relaciona-se com a banca para aquilo que são as transações do dia-a-dia. Abrir uma conta, pagar, transferir, levantar dinheiro, fazer transferências”, explica João Guerra.
João Guerra refere que o modelo da Nickel traz vantagens para clientes e comerciantes.
“Os clientes procuram simplicidade, facilidade, coisas práticas a um baixo custo. E é isso que têm aqui. Conseguem por exemplo ir a uma tabacaria e fazer praticamente tudo o que faziam tradicionalmente num balcão, de forma muito simples, e a um baixo custo”, explica João Guerra.
João Guerra salienta que a Nickel está também a apostar na capilaridade da sua rede. Ou seja está a chegar a vilas e aldeias onde a banca praticamente já não está presente.
“Nós vamos no fundo colmatar essa lacuna e isso até é um fator de, eu diria, quase de prestígio dos próprios pontos de venda porque eles agora sentem que estão a assegurar estes serviços financeiros nas suas comunidades. Eles ganham mais clientes. Os clientes normalmente quando lá vão acabam por sempre comprar mais produtos. Eles têm receitas diretas, nós pagamos por todas as transações. Também é uma forma de redistribuir a riqueza de uma forma muito mais alargada e por esses pontos de venda. Valoriza os pontos de venda, valoriza estas regiões do interior e algumas vezes até zonas mais rurais. Eles têm menos custos, porque os Terminais de Pagamento Automático (TPA) que nós fornecemos não têm custo nenhum”, salienta João Guerra.
Sobre a operação em Portugal, que já tem mais de dois anos (setembro 2022), João Guerra faz um balanço positivo.
“Nós conseguimos em dois anos ter a maior rede de pontos de venda, quando comparado com as agências bancárias, com mais de 650. O que diz muito da adesão dos parceiros. Eles perceberam que isso lhes trazia valor acrescentado, prestígio, que podiam prestar mais serviços e um serviço inovador à sua comunidade, aos seus clientes, à região onde eles estão inseridos”, salienta João Guerra.
João Guerra diz ainda que o facto de se tratar de uma plataforma digital “permite inovar e trazer novos produtos ao mercado muito mais rapidamente. Nós só nestes dois anos já implementámos uma série de coisas desde as apps móveis, carregamentos com o telemóvel, transferências imediatas, cartões personalizados”.
João Guerra acrescenta que o serviço pode chegar a ainda mais pessoas. “No Continente nós ainda temos quase 800 mil pessoas não bancarizadas”, salientou João Guerra. “Têm aqui uma forma de poderem abrir uma conta e ter uma conta com aquilo que eles precisam por custos muito baixos”, acrescenta João Guerra.
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