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Francisco Rodrigues dos Santos deixa aviso: Plano de Recuperação “não pode significar uma festa do Bloco Central”

Líder centrista quer mecanismos de controlo de fiscalização na execução das verbas do Plano de Recuperação e defende que o Estado “não pode ficar com a maior parte ou a fatia mais significativa destes apoios”.
21 Setembro 2020, 18h29

O presidente do CDS-PP defendeu esta segunda-feira que a fatia-leão das verbas do Plano de Recuperação não devem ser alocadas ao setor privado, salientando a importância de uma injeção de capital na economia real. Francisco Rodrigues dos Santos advertiu, ainda, que os destinatários não podem “ser os mesmos de sempre”.

“A execução e a alocação destes dinheiros não pode significar uma festa do Bloco Central sentando à mesa do Orçamento os mesmos de sempre e as empresas que estão no radar dos convites do Governo. Estamos a falar de dinheiro muito avultado, de uma soma significativa de verbas, pelo que é necessário ao Governo apelar ao seu sentido de inovação, criando mecanismos de controlo de fiscalização na execução destes mesmos dinheiros acima de qualquer suspeita”, afirmou o líder centrista à saída da reunião com o primeiro-ministro, em São Bento, em declarações transmitidas pela RTP3.

Francisco Rodrigues dos Santos explicou que apresentou ao Governo “três condições” que considera ser essenciais serem inscritas no Plano de Recuperação, que o Governo irá debater esta quarta-feira no Parlamento e cujo primeiro esboço será enviado para a Comissão Europeia a 15 de outubro.

“O Estado não pode ficar com a maior parte ou a fatia mais significativa destes apoios desviando da economia real”, disse, acrescentando que “a prioridade do Governo deve ser injectar liquidez na nossa economia, fazer um choque de tesouraria nas empresas porque são elas o motor da nossa dinâmica económica que criam riqueza e permitem salvar postos de trabalho”.

Realçou ainda que a segunda condição “é que este plano não pode ser uma lista e compras e obras públicas, em vez de apresentar uma reforma do modelo económico e de crescimento do nosso país”, para evitar passar de uma “bazuca” a um “tiro de pólvora seca”.

“O CDS tem prioridades e elas passam pelo apoio às famílias na proteção dos seus rendimentos e na valorização dos idosos, na educação, na ajuda às empresas e na criação de um Estado forte nas áreas social, saúde e segurança”, frisou, para vincar que o partido quer uma conciliação entre “a máxima transparência com o mínimo de burocracia”, sob pena “de aliando à aplicação destes dinheiros às regras da contratação pública que estão a ser discutidas na Assembleia da República criarmos um ambiente de tal modo flexível que ao mesmo tempo permite passar incólume um conjunto de práticas que embora eliminem a corrupção são pouco éticas e mais não significam de querer beneficiar as empresas de sempre”.

Depois da Iniciativa Liberal, do PEV, do PCP, do PAN, Chega e CDS, o Governo reunirá nesta segunda-feira com o Bloco de Esquerda e PSD, seguindo-se na terça-feira a discussão do documento no Conselho Económico e Social e na quarta-feira um debate parlamentar que contará com a presença de António Costa.

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