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Galp desce mais de 1% após demissão de CEO

A cotada reagiu negativamente à saída do CEO Filipe Silva.
Galp Filipe Silva
8 Janeiro 2025, 08h26

A Galp está hoje a descer mais de 1% na bolsa de Lisboa após a demissão do CEO Filipe Silva por “razões familiares”. A cotada perde 1,36% para quase 16 euros neste momento.

A polémica com o CEO da Galp durou 96 horas até ao anúncio da sua demissão.  A saída por “razões familiares” tem efeito imediatos e o novo CEO será anunciado nos próximos dias.

Filipe Silva já foi ouvido pela Comissão de Ética da Galp e a investigação ao caso vai continuar e o processo pode vir a demorar meses, apurou o JE.

O CEO a ser anunciado nos próximos dias poderá ser uma solução interina, uma pessoa que já está na empresa, ou uma solução externa, mas para ficar mais tempo, sabe o JE.

Um dos pontos chave neste processo foi o facto de o gestor não ter comunicado o relacionamento internamente, que poderia acarretar questões de conflitos de interesse entre Filipe Silva e a diretora da empresa, aponta um especialista em governance ouvido pelo JE.

“Meteu o pé na argola, devia ter comunicado este facto relevante. Falhou no reporte. Como CEO, devia estar muito mais educado nesta matéria. Este tema não é meramente da esfera privada, tem implicações para a empresa e pode criar roturas nas equipas de topo, levar a divisões internas, perda de autoridade pelo CEO, rumores”, disse, ao JE, Filipe Morais, professor de Governance na Henley Business School (UK) e responsável na Amrop, consultora especializada no recrutamento de executivos.

“Quem não está por dentro pode achar isto drástico, mas ele não é só Filipe Silva, o indivíduo, mas Filipe Silva, o CEO de uma das maiores empresas da bolsa de Lisboa. É uma empresa de grande importância para o país. Por isso é que são pagos os big bucks [quantias elevadas de dinheiro]… não pode querer só essa parte. É um lugar de grande responsabilidade”, defendeu na conversa com o JE.

Filipe Morais considera que esta “não é uma relação de emprego simples. É um administrador da empresa, tem especiais deveres de diligência de reporte que um colaborador simples poderá não ter. Este senhor toma decisões de milhões de euros. Em Portugal pode não haver uma cultura disto, todos acham que é uma banalidade, mas não é. Este tipo de situações pode provocar uma cultura tóxica, levando a rumores, que podem ser aproveitados”, afirmou.

Já a acionista e chairwoman Paula Amorim disse em comunicado na terça-feira: “Gostaria de enfatizar a contribuição que o Filipe deu à empresa nos últimos 12 anos, um período em que a sua dedicação foi importante para o crescimento da Galp. O comité executivo da Galp continua nas mãos de uma equipa altamente qualificada, que vai assegurar a execução e implementação da estratégia da empresa”.

Presidente-executivo da petrolífera portuguesa desde 2023, o seu mandato terminava no final de 2026. Entrou na empresa em 2012, tendo ocupado primeiro o cargo de administrador financeiro.

A denúncia anónima sobre esta relação foi feita junto da Comissão de Ética e Conduta da Galp Energia, como revelou o jornal “Eco” na sexta-feira à noite, onde Filipe Silva garantiu que nenhuma decisão tomada por si “ameaçou a integridade das decisões da Galp“.

O processo de investigação está a ser conduzido pelo Comité de Ética e Conduta (CEC) da empresa, liderado por Tito Arantes Fontes, advogado e professor universitário de direito. Os outros dois membros são Sandra Bomtempo Costa, Diretora de Auditoria Interna na Galp, e Nuno Moraes Basto, especialista em corporate governance e compliance.

Quando estiver concluída a investigação, o documento será enviado para o Conselho Fiscal, que o irá apreciar, avaliar e propor uma decisão final: ou o processo é arquivado ou propõe ao conselho de administração uma decisão final sobre a matéria, que pode passar pela “cessação” da relação contratual com Filipe Silva, ou pela “instauração de um processo disciplinar ou de suspensão ou perda da qualidade de membro de órgão social”, conforme previsto no regulamento da CEC da Galp.

O conselho fiscal é liderado por José Pereira Alves, que ocupa a mesma posição na telecom NOS, na Corticeira Amorim e na Fundação Galp, tendo como vogais Maria de Fátima Geada (diretora do gabinete de Auditoria Interna da TAP SGPS e vogal do conselho fiscal da Fundação Galp) e Pedro Antunes de Almeida (também presidente do conselho fiscal da Fidelidade Seguros, vogal do conselho fiscal da Fundação Galp).

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