Henrique Gouveia e Melo, que se tornou conhecido dos portugueses por ter liderado o processo de vacinação durante a pandemia, torna-se esta quinta-feira oficialmente candidato a Presidente da República. Em 2021, quando confrontado com a possibilidade de entrar na vida política, o almirante na reserva disse que esperava não se deixar cair nessa “tentação”, brincando que, se isso acontecesse, lhe dessem uma corda para se enforcar. Quatro anos depois, as circunstâncias levaram-no a ambicionar suceder a Marcelo Rebelo de Sousa.
Após meses de especulação, a confirmação de que iria entrar na corrida surgiu durante a campanha eleitoral para as últimas legislativas, quando afirmou à Rádio Renascença: “Não há dúvidas. Vou ser mesmo candidato”. Na mesma entrevista, Gouveia e Melo fez questão de se distanciar da forma como Marcelo Rebelo de Sousa exerceu o cargo, destacando que, se for escolhido pelos portugueses, acredita que “pode contribuir de forma muito decisiva para a estruturação da política de médio e longo prazo”.
O militar mencionou que ele e Marcelo são “pessoas muito diferentes”, afirmando que “a minha forma de atuar será muito diferente do atual Presidente”. Gouveia e Melo foi criticado por ter revelado a sua candidatura, o que contaminou a campanha, mas justificou que o timing era necessário para poder organizar a cerimónia de lançamento da sua candidatura.
O seu percurso está sob os holofotes desde que liderou a task force responsável pela vacinação contra a covid-19. Após concluir essa missão, tornou-se chefe da Marinha em dezembro de 2021 e foi promovido a almirante, cargo que ocupou até 2024, ano em que decidiu passar à reserva. Desde então, foi questionado sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência. Em várias ocasiões, afirmou que “a democracia não precisa de militares” e que não pretendia se imiscuir na política.
No final de 2023, seu discurso começou a mudar, reconhecendo que a ideia de que os militares não podem participar na política é antidemocrática. Em fevereiro deste ano, escreveu um artigo no Expresso posicionando-se “entre o socialismo e a social-democracia” e defendendo que o Presidente da República deve ser “isento e independente de lealdades partidárias”.
Embora ainda não tivesse anunciado oficialmente a candidatura, Gouveia e Melo começou a afastar o rótulo de “milagreiro”, enfatizando que não deveria ser visto como a solução para todos os problemas. Atualmente, conta com o apoio de várias figuras proeminentes, como Ângelo Correia e o autarca de Cascais, Carlos Carreiras, além de outros ex-líderes e políticos de renome.
Quem é Gouveia e Melo?
Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo nasceu em Quelimane, Moçambique, a 21 de novembro de 1960. Após a sua adolescência em Moçambique, a família mudou-se para o Brasil e regressou a Portugal em 1975. Em 1979, ingressou na Escola Naval e teve uma carreira militar que se estendeu por mais de quarenta anos. Durante este tempo, integrou a esquadrilha de submarinos e exerceu diversas funções, incluindo Comandante Naval.
Em 2020, foi nomeado para coordenar a operação de vacinação contra a covid-19, o que o tornou uma figura pública muito conhecida. Gouveia e Melo é notável por sua abordagem colaborativa e pela sua crença em que “todos os seres humanos têm capacidades” e que não é necessário um “salvador” para resolver os problemas da sociedade.
Em entrevistas, tem enfatizado o valor da colaboração e do trabalho em conjunto, afastando-se da ideia de ser um homem providencial ou imprescindível. Ele deseja ser lembrado como alguém que conseguiu fazer a diferença em conjunto com outros, refletindo uma abordagem coletiva à liderança e à política.
Com Lusa
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