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Grandes bancos ganham 1.800 milhões com subida dos juros

A subida das taxas de juro levou a uma subida de 73% da margem financeira dos cinco principais bancos que operam em Portugal, no primeiro semestre, para 4.239 milhões de euros. Lucros da CGD, BCP, Santander, BPI e Novobanco aumentam 57% para 2.002 milhões
30 Julho 2023, 09h09

Artigo originalmente publicado no caderno NOVO Economia de 29 de julho, com a edição impressa do Semanário NOVO.

Os primeiros seis meses de 2023 podem ser considerados o semestre mirabilis para a banca portuguesa. Após anos de juros baixos, que obrigaram os bancos a reinventar, sob pres são, o seu modelo de negócio, a subida das taxas durante os últimos trimestres permitiram o regresso do secular modelo de negócio da banca, que con siste em receber depósitos para depois conceder crédito.

Neste contexto, de forte subida das taxas de juros, a margem financeira dos cinco principais bancos portugueses aumentou 73% no primeiro semestre, para 4.249 milhões de euros. Isto significa que, em termos absolutos, a CGD, o BCP, o Santander, o Novobanco e o BPI ganharam mais 1.800 milhões de euros na diferença entre aquilo que pagam pelos depósitos e o que cobram nos empréstimos.

Esta forte subida da margem financeira teve reflexos nos resultados líquidos dos cinco grandes, que no conjunto subiram 57% em termos homólogos, para 2.002 milhões de euros. Olhando individualmente para as contas que cada instituição apresentou nas últimas sema nas, a Caixa Geral de Depósitos destacou-se com uma subi da de 25% dos lucros no primeiro semestre, para 680 milhões de euros, com a margem financeira a mais do que duplicar, com uma subida de 125%, para 1.320 milhões de euros.

Segue-se o BCP, com lucros de 432 milhões de euros e margem de 1374,4 milhões, o que representa subidas de, respetivamente, 480% e 40%. O Santander, por sua vez, viu o resultado líquido aumentar 93% no primeiro semestre para 333,7 milhões de euros.

Já a margem do banco cresceu 58% para 586 milhões. Por seu turno, o BPI registou um lucro de 256 milhões de euros e uma margem financeira de 435 milhões, o que representa variações homólogas de 53% e 80%, respetivamente, tendo a ope ração doméstica assegurado um contributo decisivo. E o Novo banco teve também um primeiro semestre muito positivo, com um resultado líquido de 373,2 milhões de euros, mais 40% que no período homólogo, ao passo que a margem subiu 95,5% para 524 milhões.

Procura de crédito diminui

Além de elevar a margem financeira dos bancos, a subida das taxas de juro (ainda esta sema na o BCE anunciou mais uma subida de 25 pontos base na taxa de referência, para 4,25%, o nível mais elevado desde 2008), está a levar a uma redução da procura de crédito por parte das empresas e das famílias. Mas há outras razões que têm sido apontadas pelos banqueiros. Na conferência de apresentação dos resultados semestrais, Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, defendeu que as empresas têm hoje menos necessidade de crédito e, além disso, os elevados preços das casas estão a levar a uma redução da procura por parte dos particulares.

“Nas empresas há muito menos investimento estão com melhores margens e por isso têm menos necessidade de dívida”, disse. Já nos particulares há menos rendimento disponível, e “no crédito à habitação a queda da pro cura resulta não só da subida das taxas de juro, mas acima de tudo o grande problema em Portugal é a subida do preço das casas, mesmo que os juros baixassem, ao preço a que estão as casas não sei se aumentaria muito a produção de crédito”, disse o CEO do Santander Totta, acrescentando que os spreads de cré dito já estão aos níveis de 2007.

“Mas não há mais procura por isso”, disse. “O que será normal nos próximos dois anos é que vai haver uma diminuição do balanço dos bancos, vai haver menos crédito e menos poupança na banca europeia”, defendeu Pedro Castro e Almeida na mesma ocasião.

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