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Grupo ETE constrói navio que vai ser exportado para o Uruguai

O ‘Punta Tigre’ foi encomendado pela Transfluvial TFN, empresa responsável pelo abastecimento de madeira à Montes del Plata, uma das maiores fábricas de celulose e pasta de papel do mundo.
21 Janeiro 2019, 15h28

O Grupo ETE – Empresa de Tráfego e Estiva apresentou esta manhã a embarcação que construiu nos estaleiros de construção naval que gere no porto de Lisboa, para ser exportada para o Uruguai. A cerimónia contou com a presença da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

‘Punta Tigre’ é o nome desta embarcação multifunções sob encomenda da Transfluvial Navegación TFN, S.A., empresa responsável pelo abastecimento de madeira à Montes del Plata, uma das maiores fábricas de celulose e pasta de papel do mundo.

A Montes del Plata está localizada em Conchillas, na costa sul do Uruguai, já perto da fronteira com a Argentina.

Foi fundada em 2009 por duas grandes empresas líderes internacionais do setor florestal, a Arauco, de origem chilena (e parceira da Sonae Indústria), e a Stora Enso, de origem sueca e finlandesa.

A Montes del Plata gere atualmente 145 mil hectares de plantações de eucalipto no Uruguai, produz 1,4 milhões de toneladas de celulose por ano e assegura 6.500 postos de trabalho, diretos e indiretos, num negócio que representa 1,7% do PIB uruguaio, sendo responsável por 7% das exportações deste país sul-americano.

O ‘Punta Tigre’ foi construído num prazo de seis meses pelos estaleiros da Navaltagus, uma empresa do Grupo ETE especializada na área da engenharia, construção e reparação naval.

A embarcação tem 13,8 metros de comprimento, um deslocamento de 77 toneladas quando carregado, está equipado com dois motores e com uma grua com capacidade de 1,3 toneladas.

“É uma embarcação robusta e versátil – além de funcionar como rebocador, vai executar funções de carga e descarga, entre outras tarefas auxiliares”, sublinha um comunicado do Grupo ETE.

“O ‘workboat’ ‘Punta Tigre’ representa um investimento privado de um milhão de dólares [cerca de 880 mil euros ao câmbio atual], mas também simboliza  a nossa capacidade de inovação tecnológica e o potencial de exportação da indústria naval portuguesa”, destacou Ana Paula Vitorino.

“Este é um setor global, onde a quota de mercado tem de ser ganha por uma especialização de ‘cluster’, onde a vantagem competitiva advém da forte articulação com os setores nacionais metalomecânico e tecnológico e é potenciada com a escolha dos parceiros internacionais certos. Este investimento não seria possível sem o reconhecimento e confiança depositados pela República Oriental do Uruguai e pelos empresários da América do Sul. Mas mais mercados apostam na indústria marítima portuguesa: Colômbia, Panamá, Cabo Verde e Moçambique são também prova do potencial nacional”, assegurou a ministra do Mar.

Ana Paula Vitorino recordou que, segundo o INE – Instituto Nacional de Estatística, entre 2015 e 2017, o VAB – Valor Acrescentado Bruto gerados pelas empresas da economia do mar terá crescido 9,1%, o volume de negócios 7,6% e a sua produção 5,6%.

“O contributo do setor da construção, manutenção e reparação naval para este aumento foi de facto notório, tendo registado o maior crescimento da produção dos últimos quatro anos (11,6%) e um aumento do volume de negócios de 13,8%”, destacou Ana Paula Vitorino, acrescentando que, neste setor “o percurso do Grupo ETE é notável: nos três últimos anos, a taxa de crescimento deste negócio foi de 48%, empregando em 2018 351 trabalhadores (diretos e indiretos), o que representou um aumento de 20% face a 2015”.

“A promoção da indústria naval é, desde a primeira hora, um dos desígnios deste Governo. No início desta legislatura, defini como uma das metas da estratégia para o aumento da competitividade portuária até 2026, o aumento do volume de negócios da indústria naval em 50%, defendendo esta indústria como um dos grandes impulsionadores do crescimento da economia azul em Portugal. Assumi também que os primeiros agentes deste desafios são de fato as empresas”, defendeu Ana Paula Vitorino.

Segundo a ministra do Mar, “a nossa indústria naval tem que estar à altura de enfrentar estes novos desafios, abraçando a construção naval e a manutenção na sua versão mais clássica, mas também assumindo um novo papel em atividades marítimas emergentes. A construção de estruturas flutuantes e fixas, de componentes, a manutenção e o desmantelamento, relacionadas com os setores da produção de energia ‘offshore’, da aquicultura, da especialização de embarcações e também do ‘oil & gas’ são desafios que Portugal tem de assumir para dar o salto para uma renovada liderança no setor da indústria naval”.

“O ‘Punta Tigre’ é um exemplo da capacidade de inovação e tecnologia em construção naval de Portugal; significa também que somos uma referência internacional nesta área e que temos, como tal, todas as condições para criar valor para os nossos clientes, mas também para o país”, defendeu, por seu turno, Luís Figueiredo, administrador do Grupo ETE.

A área de engenharia, construção e reparação naval do Grupo ETE integra dois estaleiros, um na margem norte do estuário do Tejo e outro na margem sul, e é responsável por 85 docagens anuais e diversos projetos de construção e reparação  naval.

Além do ‘Punta Tigre’, a Navaltagus conta no seu portefólio com a construção de embarcações de diversos tipos, como lanchas de pilotos, embarcações auxiliares, pontões, embarcações de passageiros, ‘workboats’ e rebocadores, como foi o caso do rebocador-empurrador ‘Baía do Seixal’, construído em 2016 para operar no Tejo, ou ainda de um outro navio ‘multicraft’ que o Grupo ETE está neste momento a construir para a APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo.

“Na América Latina e em operações de navegação fluvial, o Grupo ETE está presente no Uruguai e na Colômbia, numa operação com rebocadores, barcaças e uma grua flutuante de grande capacidade, executando trabalhos de carga e descarga de navios e apoio a obras marítimas e portuárias”, conclui o referido comunicado do grupo.

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