A economia da Guiné-Bissau deverá manter a tendência de crescimento de cerca de 5% neste e no próximo ano, continuando a depender dos doadores internacionais para equilibrar o orçamento, 50 anos depois da independência de Portugal.
“O aumento das receitas internas e das doações, a contenção das despesas correntes e a limitação das transferências orçamentais serão fundamentais para assegurar a sustentabilidade orçamental”, disse o economista do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) Thibault Lamaire em entrevista recente à Lusa, na qual vincou que conter as despesas correntes, limitar as transferências orçamentais e aumentar as receitas é fundamental para garantir a estabilidade orçamental.
Desde 1980, só por quatro vezes a Guiné-Bissau conseguiu crescer acima de 5%, sendo este o valor de referência para a expansão anual da economia deste pequeno país lusófono da África Ocidental.
De acordo com os dados históricos do FMI, a Guiné-Bissau deverá registar este ano uma inflação de 8%, o valor mais elevado desde a crise financeira mundial de 2007-2008, quando a subida dos preços ultrapassou os 10%, mas a média está abaixo de 5% desde o início da década passada.
“O país continua a ser negativamente afetado pelo efeito que a guerra na Ucrânia tem tido sobre os preços dos combustíveis e produtos alimentares importantes, com a inflação a subir para 8% em 2023”, disse o economista do FMI na entrevista à Lusa em Marraquexe, no mês passado, nos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial.
Na última avaliação à economia guineense, por ocasião da terceira avaliação do programa de ajustamento financeiro em curso no país, o FMI disse que apesar da “derrapagem orçamental” em algumas matérias, como salários, a Guiné-Bissau apresenta “avanços significativos nas reformas estruturais, tendo cumprido dois dos três objetivos” definidos e “duas metas estruturais antes do prazo”.
O objetivo do FMI, salientou então o chefe da missão do Fundo no país, José Gijon, é baixar a dívida pública da Guiné-Bissau, que é 10 vezes superior ao acordado, e a melhoria da gestão da tesouraria, um objetivo que será ajudado pelo programa de gestão da administração pública que o FMI e o Banco Mundial têm em curso no país.
O ministro das Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seidi, destacou que o programa está quase a completar um ano e que o Governo está empenhado em cumprir as recomendações do FMI.
O governante concretizou o propósito de “garantir a estabilidade política e continuar com rigor na execução da política orçamental”, no sentido de aumentar a capacidade de receita e do rigor nas despesas e dívida públicas.
O programa de ajuste financeiro foi acordado em janeiro deste ano com um montante global de 38 milhões de dólares (36 milhões de euros), equivalentes a 23,6 biliões de francos cfa, com um prazo de 36 meses e data prevista de conclusão para janeiro de 2026.
A Guiné-Bissau autoproclamou a sua independência de Portugal em 24 de setembro de 1973, mas as comemorações oficiais estão marcadas para 16 de novembro, dia das Forças Armadas.
Entre os líderes convidados para as cerimónias oficiais estão o Presidente e primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, mas o programa oficial ainda não foi divulgado.
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