O CEO da Honda, Toshihiro Mibe, apresentou esta quinta-feira os planos que a marca possui ao nível da eletrificação dos seus veículos. Mas nem tudo foram boas notícias para a fabricante de motociclos e também de automóveis. Isto porque adia planos ao nível dos veículos elétricos, devido ao abrandar da procura, sendo este também um dos motivos para reduzir o seu investimento em três triliões de yen (18,5 mil milhões de euros) até ao ano fiscal de 2031.
A fabricante nipónica anunciou que vai reduzir o seu investimento, em três triliões de yen (18,5 mil milhões de euros) no que diz respeito à eletrificação de 10 triliões de yen (61,7 mil milhões de euros) para 7 triliões de yen (43,4 mil milhões de euros), durante o período que nos vai levar ao ano fiscal de 2031, “baseado na decisão de adiar o projeto que pretendia estabelecer uma cadeia de valor para veículos elétricos no Canadá e também na mudança no timing para a construção de fábricas dedicadas à produção de veículos elétricos”.
Contudo existiram boas notícias. A marca anunciou uma colaboração com uma startup chinesa que desenvolve tecnologia para condução autónoma. A fabricante vai também lançar 13 modelos ao nível global de veículos elétricos híbridos, num período de quatro anos, a começar em 2027.
A marca vai apostar também em linhas de produção mistas que sejam capazes de produzir veículos elétricos e veículos elétricos híbridos.
No campo dos motociclos a expetativa da marca nipónica é de continuação do crescimento. Uma das apostas da fabricante passará pelo acelerar da eletrificação dos seus motociclos, e também na melhoria da eficiência ao nível dos motores de combustão interna.
A Honda anunciou ainda uma fábrica para a Índia que deve ficar operacional em 2028, “de modo a fortalecer o negócio elétrico nos motociclos”.
Toshihiro Mibe sublinhou que a fabricante automóvel está a colocar a “máxima prioridade” nas iniciativas que está a desenvolver ao nível ambiental e de segurança, onde se inclui o objetivo ambicioso de “atingir a neutralidade carbónica em todos os seus produtos e atividades corporativas e também zero fatalidades ao nível das colisões” até 2050.
“Baseada nesta crença fizemos uma decisão estratégica de modo a que o nosso maior foco seja virado para a popularização dos veículos elétricos”, referiu a marca.
Apesar disso a Honda alerta que o ambiente no que diz respeito à indústria automóvel está a mudar de dia para dia. “A incerteza no ambiente empresarial está a aumentar, devido ao decréscimo na expansão dos veículos elétricos no mercado devido a vários fatores tais como as mudanças nas regulações ambientais, que tem sido a premissa para a adoção de veículos elétricos, mas também nas mudanças que têm existido nas políticas comerciais de vários países. De modo a conseguirmos manter a nossa competitividade neste ambiente empresarial temos de criar novo valor não só através da eletrificação, mas também na aplicação de tecnologias inteligentes, e depois oferecer esse valor a um leque alargado de clientes de uma forma acessível e económica”, reforçou a marca japonesa.
Face ao cenário descrito pela fabricante nipónica a Honda anunciou que vai “realinhar” a sua estratégica de eletrificação dos seus automóveis, de duas formas.
“Aumentando a nossa competitividade dos veículos elétricos e dos veículos elétricos híbridos com o foco na aplicação de tecnologias inteligentes. E também em reforçar as nossas bases de negócio através da reavaliação do nosso portfólio de motores”, salienta a fabricante nipónica.
No que diz respeito aos veículos elétricos, face à revisão dos prazos de lançamento de vários produtos devido ao abrandamento que tem existido no mercado, a Honda disse que o seu rácio de vendas globais de veículos elétricos deve cair abaixo da sua meta de 30% em 2030.
“Mas por outro lado a procura por veículos elétricos híbridos tem sido alta. Face a isto vamos posicionar o segmento elétrico híbrido, principalmente os modelos elétricos híbridos da próxima geração que serão lançados no mercado a partir de 2027, com o tipo de motor que vai desempenhar um papel fundamental durante o período de transição para a popularização dos veículos elétricos melhorando também a nossa gama de oferta elétrica híbrida”, disse a Hinda.
Com estas mudanças a Honda quer que em 2030 o seu volume total de vendas de veículos fique acima dos atuais 3,6 milhões de unidades, com o objetivo ao nível dos veículos elétricos híbridos a se saldar nos 2,2 milhões de unidades.
A Honda destaca também que está correntemente a desenvolver o sistema ADAS, que tem como propósito assistir o condutor com manobras como a aceleração e viragem durante a viagem. “Estamos a trabalhar na próxima geração do ADAS que permite uma condução segura e confortável até ao destino, incluindo em ambientes urbanos. Vamos aplicar o ADAS a uma gama alargada de veículos elétricos e elétricos híbridos que serão lançados na América do Norte e no Japão por volta de 2027”, anunciou a marca japonesa.
A Honda diz que vai trabalhar com a Momenta Global Limited, uma startup chinesa que está a desenvolver tecnologia para condução autónoma, para desenvolver a próxima geração do ADAS otimizando essa tecnologia para as condições das estradas chinesas instalando este mesmo sistema nos futuros modelos da Honda que vão ser lançados na China.
Esta decisão de colaborar com uma empresa chinesa deve-se ao facto, diz a Honda, da China estar num nível mais avançado no que diz respeito à “eletrificação e à aplicação de tecnologias inteligentes”.
A Honda quer também aumentar a economia da próxima geração elétrica da sua gama de elétricos híbridos em 10%.
“De modo a aumentar a nossa competitividade ao nível do custo dos nossos modelos elétricos híbridos, que são o nosso core de negócio, estamos a procurar reduções nos custos em componentes chave como as baterias e os motores através de várias iniciativas onde se inclui a co-criação de atividades com os nossos fornecedores, de modo a melhorar ainda mais a eficiência ao nível da produção e da normalização de mais partes e componentes”, salienta a Honda.
“Estamos a apontar para uma redução do custo da próxima geração do nosso sistema híbrido em mais de 50% comparado com o sistema híbrido que está instalado nos modelos introduzidos em 2018, e em mais de 30% face ao sistema híbrido introduzido em 2023 e também nos modelos atuais”, adianta a Honda.
A marca diz ainda que no mercado da América do Norte, que é o principal mercado para os modelos elétricos híbridos, continua a existir uma grande procura por veículos de grandes dimensões, com interiores espaçosos e grande capacidade de carga. De modo a dar resposta a esta procura de uma forma “sustentável”, a Honda diz que vai desenvolver um sistema híbrido para este tipo de veículos, com o lançamento a ocorrer na parte final da década de 2020.
“Vamos lançar 13 modelos ao nível global nos veículos elétricos híbridos, num período de quatro anos, a começar em 2027, com o objetivo de “construir uma gama alargada de veículos elétricos híbridos e capturar a crescente procura no mercado por veículos elétricos híbridos”.
A Honda reforça que devido ao abrandamento do mercado na procura por veículos elétricos a marca está a reavaliar a sua estratégia neste segmento, onde se inclui os planos para o seu ‘lineup’ de produtos elétricos e também o timing em que vai realizar investimentos relevantes onde se inclui a construção de uma cadeia de valor, para o segmento elétrico, no Canadá.
“Apesar disso não existe alteração na posição da Honda de que os veículos elétricos são a solução ideal para se atingir a neutralidade carbónica nos veículos de passageiros”, salienta a marca automóvel japonesa.
A próxima geração de veículos da marca, no segmento elétrico, deve ser introduzida ao mercado no próximo ano.
A marca diz ainda que o novo logótipo “H” que equipa os carros será usado nos modelos elétricos e também nos principais modelos elétricos híbridos, começando com a próxima geração de modelos que será introduzida no mercado a partir de 2027. “Este será um símbolo de transformação do negócio automóvel da Honda”, refere a marca.
A Honda quer também estabelecer um sistema de produção que seja “flexível” e também capaz de otimizar a produção de acordo com a procura e com as estratégias de vendas.
“Isto será atingido através de linhas de produção mistas que sejam capazes de produtos veículos elétricos e veículos elétricos híbridos. Estamos também a trabalhar para assegurar um fornecimento estável de componentes eletrificados, em particular baterias, otimizando a capacidade de fornecimento e alocação, incluindo a utilização eficaz dos ativos existentes”, diz a marca.
Ao nível do negócio de motociclos, a Honda referiu que no ano fiscal que acabou em março de 2025 vendeu 20,57 milhões de unidades, o que representa cerca de 40% do mercado global neste segmento, atingindo um máximo de vendas num ano fiscal em 37 países e territórios.
“A procura por motociclos deve continuar a crescer, em particular no sul, o que inclui a Índia, o maior mercado ao nível de motociclos, num mercado onde a população está a crescer bem como os seus rendimentos. As vendas ao nível da indústria, no plano mundial, deve crescer das atuais vendas de 50 milhões de unidades para os 60 milhões de unidades por volta de 2030”, diz a Honda.
De modo a capturar esta crescente procura, a Honda planeia oferecer produtos que correspondam às necessidades dos clientes e também otimizar a sua cadeia de fornecimento. “De modo a manter a sua posição de liderança nas iniciativas ambientais, vamos acelerar a eletrificação dos nossos motociclos, e também melhorar a eficiência, ao nível do combustível, nos nossos motores de combustão interna, e também vamos expandir a nossa oferta em modelos que sejam compatíveis com ‘flex-fuel’.
A linha de produtos da Honda “CUV e:” (sigla para Clean Urban Vehicle) deve chegar à Europa e ao Japão este ano.
“No que diz respeito a motas elétricas, em fevereiro deste ano, começamos a vendas do Active e: e do QC1 (sigla que define a gama de entrada de elétricas da marca), que foram anunciadas para a Índia no ano passado. As vendas de CUV e: e do ICON e: (scooter elétrica para mobilidade urbana), começaram na Indonésia, Vietname, Tailândia e Filipinas”, refere a marca.
“Vamos modular os modelos desenvolvidos exclusivamente como modelos elétricos e iniciar a produção de uma moto elétrica dedicada e altamente eficiente”, disse a marca. Isso será feito através de uma fábrica para a Índia que deve ficar operacional em 2028, “de modo a fortalecer o negócio elétricos nos motociclos”.
A Honda acredita que “continuando a lançar produtos atrativos e a construir um sistema eficiente na sua cadeia de fornecimento”, ao nível de modelos elétricos e de combustão interna, vai “capturar a crescente procura por motociclos”.
A Honda diz ainda que vai melhorar a sua lucratividade através da “contínua expansão do negócio de motociclos” e também “através da redução de custos no negócio automóvel associado com a adoção da próxima geração de veículos elétricos híbridos e das respetivas plataformas, e de uma “crescente venda de modelos elétricos híbridos”, de modo a atingir um retorno face ao capital investido de 10% para o ano fiscal de 2031.
A marca anunciou que vai reduzir o seu investimento no que diz respeito à eletrificação de 10 para 7 triliões de yen, durante o período que nos vai levar ao ano fiscal de 2031, “baseado na decisão de adiar o projeto que pretendia estabelecer uma cadeia de valor para veículos elétricos no Canadá e também na mudança no timing para a construção de fábricas dedicadas à produção de veículos elétricos”. A marca espera ainda gerar mais de 12 triliões de yen em dinheiro, e que o retorno para os acionistas se situe nos 1,6 triliões de yen.
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