A ideia de empresa familiar é cultivada na terceira geração Villax, detentora da Hovione, empresa multinacional especializada no desenvolvimento e fabrico de produtos farmacêuticos, que tem em Jean-Luc Herbeaux o primeiro CEO que não pertence à família.
Diane Villax, que com o marido liderou a empresa durante décadas, orgulha-se imensamente dos seus quatro filhos e 16 netos. A mais velha, Maria, advisor do conselho, está sentada hoje ao seu lado e do pai, Peter, e de Jean-Luc Herbeaux. Juntos são o retrato da distinção que a Hovione recebe: o Prémio Leonardo da Vinci 2025, atribuído pela Associação Hénokiens, que junta empresas familiares bicentenárias de todo o mundo, e pelo Château du Clos Lucé, onde Leonardo da Vinci se estabeleceu em 1516 a convite do rei Francisco I.
O prémio, atribuído, pela primeira vez a uma empresa portuguesa, reconhece a capacidade excecional das empresas familiares de transmitir a sua herança e valores às gerações futuras.
Estamos no complexo industrial de Sete Casas, em Loures, primeira e maior das suas quatro fábricas no mundo. À margem do encontro, Jean-Luc Herbeaux, o primeiro CEO da Hovione contratado no mercado internacional, diz ao Jornal Económico, que a meta de entrada em operações do primeiro edifício do Campus Hovione Tejo, no Parque Industrial da Baía do Tejo, no Seixal.
A farmacêutica tem em marcha um investimento de 200 milhões de euros, visando expandir a sua capacidade produtiva em Portugal, e outro de perto de 70 milhões de euros (80 milhões de dólares) em Nova Jersey, nos Estados Unidos, onde está a reforçar a sua capacidade produtiva.
“O investimento é impulsionado pelas decisões dos clientes”, explica (ver edição em papel de 26 de setembro).
Diane Villax, fundadora e membro do conselho de administração, reafirma aos jornalistas portugueses e estrangeiros presentes o “compromisso da Hovione com a ciência, a inovação e o serviço aos doentes em todo o mundo”. O prémio, salienta, “reflete os valores que nos têm guiado desde o início – honestidade, integridade, rigor científico e trabalho em equipa – com uma visão de longo prazo que coloca as pessoas e o progresso no centro. Acima de tudo, é uma homenagem ao pessoal da Hovione, cuja paixão e dedicação garantem que continuemos, em todos os sentidos, In it for life”.
A sucessão é uma questão importante nas empresas familiares, espinha dorsal de algumas economias europeias e, por vezes, pode tornar-se um problema. Diane Villax disse ao Jornal Económico que as empresas “precisam de ideias novas” e que defende a “vantagem de os mais novos irem para fora e trazerem perspetivas diferentes”. “É um valor adicional”, disse-nos em junho deste ano, na Nova SBE, onde celebrou a parceria com a escola de negócios.
Fundada em 1959, por três compatriotas húngaros – Nicholas de Horthy, Ivan Villax e Andrew Onody -, a Hovione rapidamente se transformou no projeto de duas pessoas, Ivan, o cientista, e Diane, a gestora, e 66 anos depois continua a ser uma empresa familiar, que emprega 2400 pessoas em Loures – Portugal; Nova Jérsia – EUA; Cork – Irlanda; e Macau, dois centros de I&D e oito escritórios regionais em todo o mundo.
Reconhecida pela sua sólida base científica, Hovione apoia a indústria farmacêutica na resolução de desafios complexos, contribuindo para a aprovação de 29 novos medicamentos pela FDA dos EUA na última década, o que representa, em alguns anos, até 10% do total, e contribui para a melhoria da vida de cerca de 80 milhões de pacientes todos os anos.
O nome da Hovione está associado a marcos fundamentais da saúde pública mundial como a ivermectina, o tratamento vencedor do Prémio Nobel para a cegueira dos rios, até à produção de três dos quatro medicamentos para a hepatite C que curaram mais de quatro milhões de pessoas.
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