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INE: Março com melhorias em vários indicadores, mas efeito base não pode ser ignorado

As melhorias homólogas que alguns indicadores apresentam devem ser tomadas com cuidado, por compararem já com um cenário de pandemia em 2020. Ainda assim, a confiança dos agentes em março já reflete a melhoria perante a saída de um período de confinamento musculado.
20 Abril 2021, 11h41

A economia portuguesa apresentou em março melhorias assinaláveis em vários indicadores, reporta o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua síntese económica de conjuntura, mas estas variações homólogas devem ser analisadas com cuidado, pois comparam já com um período de pandemia em 2020.

O relatório do INE destaca os indicadores mais favoráveis em relação ao emprego, ao mercado automóvel e ao número de transações, bem como do relacionado com a confiança dos agentes económicos no mês de março. No entanto, a nota ressalva que as variações homólogas destes estão fortemente relacionadas com um efeito base, já que o resultado com que comparam reflete já uma situação profundamente negativa, aquando da chegada do coronavírus a Portugal.

A análise destaca ainda o impacto negativo do confinamento iniciado em janeiro na atividade económica, apontando para vários indicadores negativos em janeiro e fevereiro que refletem essa realidade. Nomeadamente, o indicador de atividade económica que o Banco de Portugal (BdP) começou a divulgar desde o começo da pandemia foi um bom exemplo, ao atingir os valores mais negativos desde junho, bem como o de clima económico.

Olhando para o bloco europeu, esta situação é transversal aos principais parceiros comerciais portugueses, que experienciaram em março uma ligeira recuperação da confiança no cenário económico, depois dos meses mais gravosos de janeiro e fevereiro.

Ainda assim, os efeitos da pandemia são bastante visíveis em diversos indicadores económicos. O mercado laboral, por exemplo, regista menos 1,7% de população empregada em fevereiro de 2021 do que em igual período do ano passado, bem como uma taxa de subutilização do trabalho 1,2 pontos percentuais (p.p.) acima do verificado em termos homólogos.

Já no que toca ao volume de negócios por sector, todos verificaram reduções homólogas em fevereiro, sendo que apenas a indústria atenuou a queda em relação ao verificado há um ano. Nos serviços, comércio a retalho e construção, pelo contrário, as quedas acentuaram-se em fevereiro.

Destaque ainda para o turismo, sector onde as quebras são particularmente profundas. Fevereiro foi o terceiro mês com a maior redução homóloga de dormidas desde o início da pandemia, com quebras de 74,8% nos residentes e de 94,4% ao nível dos não residentes.

Já no que toca ao comércio externo, o país até conseguiu ver crescer as suas exportações, que subiram 2,8% em termos homólogos. Destaca-se o aumento nas exportações de fornecimentos industriais, que cresceram 6,7%. Ainda assim, analisando os últimos 12 meses, verifica-se que as exportações e importações bens apresentaram variações, respetivamente, de -11,1% e -17,5%.

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