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Iniciativa Liberal condena escolha “pouco transparente” de Lisboa para receber Jornadas Mundiais da Juventude

O partido recém-formado contesta o facto de não terem sido revelados os motivos que levaram à escolha de Lisboa, em detrimento de outras cidades do país, e teme a concentração de verbas na capital, a fim de serem construídas novas infraestruturas necessárias para acolher o evento.
  • “É chocante viver num país que, ao que tudo indica, teve um ministro e, possivelmente, alguém acima dele, que viu um incêndio que matou dezenas de pessoas e a primeira coisa que pensou foi: como é que vamos disfarçar isto? Que golpe de teatro vamos criar para não perder votos?”
31 Janeiro 2019, 09h49

A Iniciativa Liberal condena o processo de escolha “pouco transparente” da cidade de Lisboa para receber as Jornadas Mundiais da Juventude. O partido recém-formado contesta o facto de não terem sido revelados os motivos que levaram à escolha de Lisboa, em detrimento de outras cidades do país, e teme a concentração de verbas na capital, a fim de serem construídas novas infraestruturas necessárias para acolher o evento.

“À semelhança de outros eventos de grande envergadura no passado, cujas candidaturas exigiram apoio oficial do Estado português, ficou sem se conhecer o que levou à escolha da cidade de Lisboa em detrimento de outras alternativas no resto do país”, indica o partido presidido por Carlos Guimarães Pinto, em comunicado. “Isto é tanto mais grave quanto a organização deste evento exigirá a construção de novas infraestruturas, financiadas pelo Estado português, desviando recursos do resto do país para a Área Metropolitana de Lisboa”.

O partido lembra que “a Área Metropolitana de Lisboa é a zona mais rica do país com um PIB per capita ao nível dos países mais ricos da Europa, enquanto que as zonas do país que concentram grande parte da população (Norte e Centro) continuam a ser das zonas mais pobres da Europa Ocidental”. A Iniciativa Liberal lamenta também o silêncio dos restantes partidos face a este episódio que volta a pôr em causa a questão da descentralização de fundos.

Há quase 10 anos, a Área Metropolitana do Porto, então liderada por Rui Rio, denunciou o desvio de quase 200 milhões de euros de fundos de coesão destinados ao Norte, Centro e Alentejo para projetos na área de Lisboa e Vale do Tejo. A situação obrigou o Tribunal de Justiça da União Europeia a intervir e instar os tribunais portugueses a verificarem o cumprimento dos critérios do efeito de difusão desses investimentos. A Justiça portuguesa concluiu que tal não foi cumprido pelo Estado.

“Ao silêncio da classe política em relação a esta falta de transparência não será alheio o facto de termos um primeiro-ministro que já foi presidente da Câmara de Lisboa, um presidente da República que já foi candidato à Câmara Municipal de Lisboa, uma líder da oposição que aspira a ser presidente da Câmara de Lisboa e uns parceiros de coligação parlamentar cujo eleitorado se concentra na Área Metropolitana de Lisboa”, acrescenta ainda o partido.

A Iniciativa Liberal defende a aplicação do princípio da subsidiariedade, com “a transferência de competências do poder central para poder local, mantendo o poder nos indivíduos e em centros de decisão mais próximos deste, possibilitando assim a devolução às comunidades locais o poder de decidir em assuntos que apenas a essas comunidades dizem respeito e aumentando a sua massa crítica”.

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