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Inverno mortífero? DGS esclarece que época teve excesso de mortalidade menor do que na anterior

Autoridade nacional de saúde desmente que o último inverno tenha sido o mais mortífero desde 2019, assinalando que este ano houve um excesso de mortalidade face à época anterior. Mas também sublinha que, sendo Portugal um país envelhecido, “é expectável que o número absoluto de óbitos aumente progressivamente com o tempo”.
14 Abril 2025, 13h02

A Direção Geral de Saúde (DGS) esclarece esta segunda-feira que a época de inverno 2024/2025 ficou marcada por um excesso de mortalidade menor quando comparado com a época anterior, desmentindo assim notícias que classificam os primeiros três meses do ano como os mais mortíferos desde a pandemia, com uma média diária de 373 mortes.

Em comunicado enviado às redações, a autoridade nacional de saúde começa por assinalar que a “comparação de valores absolutos de mortalidade entre períodos fixos como trimestres ou meses não permite, por si só, retirar conclusões sobre aumentos ou reduções da mortalidade”, explicando que a análise “rigorosa” deve ser feita a partir da análise do excesso de mortalidade. Ou seja: “A diferença entre o número de mortes observadas e o número esperado, com base numa linha de base ajustada a partir dos valores dos anos anteriores, excluindo períodos atípicos (como surtos de doenças ou períodos de frio prolongados) e considerando a evolução demográfica do país, em particular o envelhecimento da população.”

Explicada a metodologia que deve ser seguida, a autoridade nacional de saúde sublinha que num país como Portugal, com uma população envelhecida, “é expectável que o número absoluto de óbitos aumente progressivamente com o tempo”. Daí que, reforça o esclarecimento, “comparar números brutos de mortes entre anos sem ajustar para estes fatores pode levar a conclusões erradas”. Além disso, acrescenta a mesma nota, “a mortalidade observada num determinado período reflete o impacto de diversos fenómenos sazonais, incluindo epidemias e fenómenos ambientais”.

Qual é, então, o retrato da mortalidade do inverno que passou? Segundo a DGS, a época de inverno 2024/2025 teve um menor excesso de mortalidade que a anterior, tendo-se registado, entre a semana 40 de um ano e a semana 20 do seguinte, um aumento de 12% face ao esperado (excesso de 1.206 óbitos). Na época anterior, 2023/2025, o excesso de óbitos em igual período foi de 3.302, mais 26% face ao esperado.

A DGS aponta ainda para uma redução do número de óbitos nos grupos mais idosos ao analisar os valores absolutos, considerando o período das semanas 40 de um ano e das semanas 05 do ano seguinte, e tendo decorrido o período epidémico de gripe nesta época. Assim, na faixa dos 75 – 84 anos, em 2023/2024 morreram 12.718 pessoas; em 2024/2025 registaram-se 11.141 óbitos. Na faixa dos 85 e mais anos, na época de inverno de 2023/2024 morreram 21045 pessoas; este ano 19.439.

O esclarecimento da DGS surge depois de o Correio da Manhã ter noticiado esta segunda-feira que entre 1 de janeiro e 31 de março, se registaram 33.543 óbitos em Portugal, o que o jornal classificou como o inverno mais mortífero desde 2019. Nessa análise, março surge como o março com mais mortes desde 2005 (11.059), dados a que o Página 1 já tinha dado destaque na semana passada.

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