O governo israelita aprovou uma subida do desconto máximo dado a reservistas na compra de terras em “zonas de prioridade nacional”, como o deserto do Negev e na Cisjordânia, território ilegalmente ocupado, onde os colonatos israelitas não param de crescer. Os descontos podem chegar a 91%, ajudando a promover a colonização de zonas parcamente povoadas, um objetivo de sucessivos governos israelitas nas últimas décadas.
O anúncio foi feito esta terça-feira pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que se congratulou pelo “feito histórico”. A título de exemplo, o comunicado que informou da decisão explicou que, no caso de um terreno no deserto do Negev (ou Naqab, em árabe), na Galileia (nome bíblico usado pelas fações sionistas para se referir à região norte de Israel e grande parte da Cisjordânia, incluindo também o sul do Líbano) ou no envelope de Gaza avaliado em 300 mil shekels (74.936,83 euros), o desconto resultaria num preço de 72.800 shekels (18.188,63 euros), ou 91%.
Além deste desconto, os reservistas terão prioridade de escolha sobre 20% das unidades previstas para venda, que funcionam por lotaria.
“Colonizar o Negev e a Galileia é a resposta vitoriosa do povo de Israel. Promovemos e trazemos concessões sem precedentes nas terras do Negev e da Galileia e não pretendemos parar por aqui – em breve, as concessões também serão expandidas”, afirmou Netanyahu num comunicado difundido no site do governo.
Além de expandir o desconto conferido aos reservistas, o governo israelita alterou também os critérios para abranger uma percentagem significativamente superior da população. Se antes eram necessários 80 dias de serviço ativo num período de seis anos e seis anos de serviço de reserva, o governo considera agora reservista quem tiver servido 45 dias desde o início da operação Espada de Ferro, a ofensiva militar em Gaza.
Mais de 300 mil soldados foram chamados pelo exército após o ataque do Hamas a 7 de outubro que vitimou pelo menos 1.139 pessoas, das quais 695 eram civis, e resultou em cerca de 250 cidadãos israelitas raptados pelo movimento islamista. A ofensiva militar israelita fez já mais de 37 mil mortos no enclave palestiniano, a maioria deles mulheres e crianças, e para lá de 86 mil feridos.
Os líderes de ambas as partes são acusados pelo procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, de crimes de guerra e violações do direito internacional, tendo pedido ao tribunal que avance com mandados de captura internacional para o primeiro-ministro israelita e para o ministro da Defesa, Yoav Gallant. Do lado do Hamas, também Yahya Sinwar e Ismail Haniyeh, líderes políticos do movimento, são visados pelo procurador, além de Mohammed al-Masri, conhecido por Mohammed Daif, o líder do braço militar, as Brigadas al-Qassam.
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