[weglot_switcher]

“Estado não vai fazer saldos e vai vender TAP pelo preço justo. Se vale 3,2 mil milhões, não acredito”, diz presidente da CTP

Francisco Calheiros refere que será o mercado a decidir o valor a pagar pela companhia aérea portuguesa e que não deve ser por isso que a TAP não deixará de ser privatizada. Líder da CTP afirma ainda que “à cautela” o governo deve levar em consideração no processo de privatização a questão do Hub, que “não é para perder”.
14 Julho 2025, 07h00

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) confia no processo de negociação por parte do Governo na privatização da TAP, nomeadamente nos valores envolvidos. “Acredito firmemente que o Estado não vai fazer saldos e vai vender a TAP pelo preço justo. O preço justo é o que derem por ela, é o mercado a funcionar”, diz Francisco Calheiros em declarações ao Jornal Económico (JE), assumindo que não vê a companhia aérea portuguesa a valer 3,2 mil milhões de euros.

“Se a TAP valer 3,2 mil milhões de euros, parabéns. Pessoalmente não acredito que a TAP valha mais do que três mil milhões de euros, mas não deve ser por isso que não se vai vender a TAP e que não seja por isso que ela deixa de ser privatizada”, salienta, recordando que não nos podemos esquecer do ambiente que a empresa viveu durante o período da Covid-19, onde essa verba foi utilizada para pagar prejuízos.

Uma época da qual Francisco Calheiros considera que a TAP recuperou muito bem e como tal, agora é tempo de seguir em frente. “Tenho muita fé na TAP, já aguentou tudo. Privada, pública, nacionaliza, não nacionaliza, privatiza, aguentou tudo e está rentável, bem gerida e acho que é a altura ideal para se mandar para a frente”, afirma.

De resto, o presidente da CTP enfatiza que o organismo sempre foi favorável à privatização da companhia aérea e que esta não pode continuar orgulhosamente só. “Tem que ficar inserida numa grande plataforma, numa companhia europeia, basta olhar para Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, estão todos inseridos em plataformas”, refere.

Deste modo, e apesar de bem gerida, Francisco Calheiros diz que a TAP não consegue sobreviver sozinha dado que enfrenta uma concorrência desleal. “Estarmos a falar de Lisboa-Londres ou Lisboa-Munique é estarmos a competir com a Lufthansa, com a British Airways, que são dez vezes maiores e têm condições muito melhores. Portanto, a TAP não pode continuar a competir desta forma”, sublinha.

Como tal, considera que o processo de privatização da companhia é bem-vindo, e um pontapé de saída que é importante e é bom que continue. No entanto, Francisco Calheiros não antevê para já um grande impacto para o turismo português e deixa um conselho ao Governo.

“Quem comprar não vai com certeza querer perder todas as vantagens competitivas que a TAP tem. Acho que o governo nesta privatização tem que levar em linha de conta, não sei se é preciso, mas à cautela, deve levar em consideração a questão do Hub. É extremamente importante, porque, como já tenho dito, se formos ver os hotéis de quatro e cinco estrelas em Lisboa, o primeiro cliente é americano e o segundo brasileiro, ou vice-versa. Este ano Hub não é para perder”, salienta.

O Governo prevê fechar a privatização da TAP num espaço de um ano, até julho de 2026. “Acreditamos que será possível dentro de um ano estar a fazer o fecho da operação”, disse o ministro das Infraestruturas no briefing do Conselho de Ministros, na última quinta-feira, 10 de julho.

O vencedor terá depois de notificar a Direção-Geral da Concorrência (DGComp) da Comissão Europeia que terá de avaliar a operação à luz das regras europeias.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.