O JPMorgan retomou a cobertura das ações da Telefónica, atribuindo um preço-alvo de 3,50 euros, abaixo do consenso de 4,27 euros por ação dos analistas da ‘Bloomberg’. A casa de investimento atribuiu uma recomendação neutra aos títulos. A atualização consta de uma nota de research da casa de investimento, citada pelo MTrader e reproduzida por vários sites espanhóis.
O banco de investimento teve, entre setembro e outubro de 2018, as ações da Telefónica com recomendação de venda, um acompanhamento que foi suspenso durante alguns meses depois de o banco norte-americano ter começado a prestar assessoria financeira à empresa espanhola na oferta pública de aquisição (OPA) à sua filial Telefónica Deutschland.
A intensa concorrência esperada no mercado espanhol, que tem atravessado uma onda de fusões e aquisições, impede os analistas do JP Morgan de serem mais otimistas com as ações da Telefónica.
A equipa do banco de investimento procedeu com cautela, dados os riscos “substanciais “da empresa e a incerteza no mercado.
Reconhecendo que as ações da Telefónica estabilizaram nos últimos anos, após uma década turbulenta marcada pela perda de valor, os especialistas da casa de investimento avançam dois cenários. Num cenário bullish, o banco aponta como principais catalisadores da Telefónica a sua posição no Brasil, que representa 20% da avaliação, bem como a Telefónica Tech, com aproximadamente 5% do valor teórico da ação, dado que ambas estão a crescer “fortemente”.
Por outro lado, o JPMorgan alerta para um cenário pouco otimista para a Telefónica, mostrando-se cautelosa perante, por um lado, a concorrência no mercado espanhol, e, por outro, a participação de 50% na britânica Virgin Media O2, altamente endividada e com um EBITDA em trajetória “descendente”.
“A concorrência em Espanha ‘continua intensa’”, sublinham, nomeando as operadoras Adamo, Avatel e Finetwork, que praticam preços “consideravelmente inferiores aos da Telefónica”. Os analistas apontam, ainda, para a concorrência da Digi, que se prepara para chegar a Portugal.
De recordar que a Virgin Media O2 nasceu de uma joint venture entre as operadoras Virgin Media e O2, filial britânica do grupo espanhol Telefónica, em 2021, numa fusão que rondou os 31 mil milhões de libras.
A nota de research não menciona, porém, o interesse da Telefónica – e da Saudi Telecom (STC) – na Avatel Telecom. Em setembro do ano passado, a STC garantiu uma participação de 9,9% na Telefónica.
Sem deixar de fora a marca Movistar, que tem uma das “ofertas mais caras do mercado”, os analistas do JP Morgan sublinham que a Telefónica conseguiu manter uma base de clientes móveis “estável” nos últimos dois anos. Além disso, a operadora está “bem posicionada em termos de propensão ao churn [mudança de prestador]”, sendo, assim, “menos susceptíveis de mudar de operador” perante um cenário de aumento de preços.
A atualização ocorre dias depois de o Estado espanhol ter reforçado, através da holding Sociedad Estatal de Participaciones Industriales (SEPI), a sua participação na Telefónica para 5,034%, sendo já o maior acionista da empresa de telecomunicações. A meta da SEPI são os 10% acordados em Conselho de Ministros no final do ano passado.
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