[weglot_switcher]

Oferta de creches continua pequena enquanto ensino superior consolida massificação

Ensino universal mais perto de ser uma realidade em Portugal, segundo Balanço Anual da Educação 2025, do EDULOG, ‘think tank’ para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo. A totalidade das crianças entre os 6 e os 14 anos frequenta o básico e 90% dos jovens em idade regular estão inscritos no secundário. O ponto mais fraco do sistema são as creches.
25 Junho 2025, 07h00

A taxa de cobertura das creches subiu para os 55% em 2023, num total de 130.787 lugares, com cerca de 87% das vagas efetivamente ocupadas, o que se traduz em 48% das crianças com menos de três anos matriculadas em creches.

“A universalidade deste nível de ensino parece distante e mantêm-se pontos de pressão no sistema, como, por exemplo, a baixa cobertura concentrada na Grande Lisboa, Grande Porto, e sudoeste alentejano e algarvio”.

Os dados são do Balanço Anual da Educação 2025, do EDULOG, think tank para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo, divulgado esta quarta-feira, e que tem como objetivo identificar os principais sucessos e constrangimentos do setor, assim como motivar um debate atualizado e informado.

Na rede pré-escolar, verificou-se uma ligeira redução do número de instituições, fruto da consolidação da oferta. No ano letivo 2022/2023, existiam 5.731 estabelecimentos em funcionamento, 60% dos quais na rede pública e 23% correspondentes a privados dependentes do Estado. A rede apresenta assimetrias regionais significativas, com o setor privado independente a complementar a oferta onde a procura era maior.

“A frequência pré-escolar já se aproxima da universalidade, com cerca de 94% das crianças dos 3 aos 5 anos integradas na rede no último ano em análise”, salienta o estudo. O Centro do país detém a taxa mais elevada (99,9%), seguido da Região Autónoma da Madeira (98,3%) e do Alentejo (98,1%). A Península de Setúbal revela o número mais baixo (83,1%).

No ensino básico, verificou-se uma redução do número de alunos nos três ciclos. Na frequência verifica-se desde 2020/2021 que a totalidade das crianças entre os 6 e 14 anos frequenta este nível de escolaridade.

Também no ensino secundário, em 2022/2023, cerca de 90% da população em idade regular frequentava a escola.

“Entradas tardias, repetição de anos e mudanças de cursos fazem com que uma parte relevante de alunos esteja fora da faixa etária habitual, uma sobreposição de gerações que elevou a taxa bruta de escolarização para os 126,8% no último ano em análise”, explicam os investigadores do EDULOG.

A escola pública e o privado dependente do Estado asseguram quase toda a cobertura da rede no ensino obrigatório. No ensino secundário ganha espaço o ensino privado independente, o que é explicado pelos investigadores como um reflexo da “aposta das famílias em escolas mais seletivas e de maior reputação, encaradas como via privilegiada para o ensino superior”.

No ensino superior, entre 2019/2020 e 2023/2024, o total de inscritos aumentou 11,5%, para um total de 448.235 alunos, sendo que as mulheres representavam cerca de 54% do corpo discente, o que contrasta com a paridade de género no secundário.

No último ano em análise, as instituições de ensino superior públicas aumentaram em 5% as vagas nos cursos de formação inicial, para um total de 55 mil. Entre os inscritos neste ano, cerca de 63% optaram por licenciaturas e 27% escolheram cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.