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Jerónimo Martins: lucros disparam 28% para os 756 milhões

As vendas ultrapassaram, no final de 2023 os 30 mil milhões de euros. O EBITDA consolidado cresceu 17%. e a respetiva margem caiu 22 ppontos face ao ano anterior, refletindo o impacto do investimento em preço e a inflação.
  • Chairman e administrador-delegado do grupo Jerónimo Martins
6 Março 2024, 18h30

O grupo Jerónimo Martins atingiu, no final de 2023, vendas de 30,6 mil milhões de euros, mais 20,6% (ou mais 18,1% a taxas de câmbio constantes) que no ano anterior, ao mesmo tempo que os resultados líquidos foram de 756 milhões, mais 28,2%. Em comunicado à CMVM, o grupo refere que, no quatro trimestre, as vendas aumentam 16,7% para 8,2 mil milhões de euros.

Já o EBITDA sobe 17% para 2,2 mil milhões de euros, com a respetiva margem a fixar-se nos 7,1% (7,3% em 2022). No quarto trimestre, o EBITDA cresceu 14,1% para 578 milhões, correspondendo a uma margem sobre as vendas de 7,1%. O Cash Flow no ano é de 345 milhões de euros e a dívida líquida situa-se nos 2,1 mil milhões.

“O nosso foco em competitividade de preço manteve-se ao longo de todo o ano perante uma conjuntura exigente e com os consumidores a revelarem-se ainda mais sensíveis ao preço e a oportunidades de poupança. A determinação na execução desta estratégia levou todas as insígnias a registarem sólidos crescimentos das vendas, com o LFL do Grupo a atingir 12,8%”, releva o grupo no mesmo comunicado. Em simultâneo, “as nossas Companhias continuaram a implementar ambiciosos planos de expansão e de remodelação, que fortaleceram a presença, qualidade e eficiência das respetivas cadeias nos mercados em que operam”.

“O forte desempenho conseguido ao nível das vendas em valor e em volume reforçou as nossas posições de mercado e protegeu a rentabilidade, levando o EBITDA consolidado a crescer 17%. A respetiva margem caiu 22 p.b. face ao ano anterior, refletindo o impacto do investimento em preço e a inflação registada ao nível dos custos”.

No final do ano, o balanço do grupo “apresentava-se sólido com uma posição líquida de caixa (excluindo a IFRS16) de 1,2 mil milhões de euros. O Pre-Tax ROIC consolidado foi de 26,8% (27,0% em 2022), refletindo o foco de todas as Companhias em proteger a rentabilidade através do crescimento de vendas num contexto de, simultaneamente, desaceleração da inflação alimentar e maior inflação nos custos.

Em linha com a política de dividendos, o Conselho de Administração “irá propor à Assembleia Geral de Acionistas o pagamento de um dividendo de 0,655 euros por ação (valor bruto), representando um aumento de 19,1% face ao valor por ação distribuído no ano anterior”.

O grupo diz ainda à CMVM que “avançou firmemente nas várias frentes de responsabilidade corporativa, mantendo a sua visão de longo prazo. Pelo quarto ano consecutivo, somos o retalhista alimentar a nível mundial com melhor avaliação pelo CDP (Disclosure Insight Action), na sequência da classificação máxima (A) que obtivemos em termos de combate às alterações climáticas (programa Climate Change) e do nível de liderança (A-) que alcançámos tanto na gestão da água enquanto recurso crítico (programa Water Security) como na gestão das matérias-primas mais associadas ao risco de desflorestação (programa Forests), e que são o óleo de palma, o papel/madeira, a carne bovina e a soja”.

Durante o ano, “destaque para a remoção total dos intensificadores de sabor e dos corantes artificiais na marca própria do Pingo Doce, um exemplo evidente do nosso compromisso com a promoção da saúde através da alimentação e do papel instrumental das marcas próprias para esse desígnio. O Pingo Doce é único retalhista em Portugal, e um dos poucos a nível mundial, a avançar com esta decisão”.

A Jerónimo Martins acrescenta que continua “a trabalhar e a investir para reduzir a nossa pegada carbónica e, no final de 2023, tínhamos cerca de .780 lojas e centros de distribuição com painéis fotovoltaicos instalados. As nossas maiores Companhias estiveram em destaque na iniciativa Lean & Green, com a Biedronka a manter a sua estrela e o Pingo Doce a conquistar as quatro estrelas, sendo a primeira empresa em Portugal e a quarta a nível europeu a consegui-lo. Internamente, investimos 312 milhões de euros em medidas de reconhecimento atribuídas aos nossos colaboradores, que somam aos 44,2 milhões de euros alocados no ano a programas de responsabilidade social interna e medidas de bem-estar”.

Para o CEO do grupo, Pedro Soares dos Santos, citado pelo comunicado, “Entrámos em 2023 antecipando que as taxas de juro continuariam elevadas e que os preços dos produtos alimentares tenderiam a manter a sua trajetória de subida, ainda que, a partir do segundo semestre, se esperasse uma redução da inflação alimentar, com especial incidência no último trimestre do ano. Por isso mesmo, reforçámos a nossa determinação em investir para manter os preços baixos e oferecer promoções relevantes aos consumidores que escolhem as nossas lojas. Fizemo-lo, ao mesmo tempo que avançámos firmemente na execução do nosso programa de expansão – ao nível das aberturas e do reforço das infraestruturas logísticas -, bem como de melhoria contínua da experiência de compra nas nossas insígnias”.

Na Polónia, refere o comunicado à CMVM, a inflação alimentar registou uma rápida redução ao longo dos 12 meses de 2023, tendo-se cifrado em 15,1% no ano. “A Biedronka liderou a atividade promocional no mercado polaco, tendo registado uma inflação no seu cabaz inferior à inflação alimentar observada no país. No ano, as vendas em moeda local cresceram 18,2%, com um LFL de 14,2%. Em euros, as vendas atingiram os 21,5 mil milhões, mais 22,3% do que em 2022. O crescimento em. Este significativo crescimento das vendas impulsionou o EBITDA a aumentar 19,4% (+15,4% em moeda local). A respetiva margem foi de 8,5% (8,8% em 2022), com a evolução a refletir o investimento em preço, conjugado com a inflação de custos. A Biedronka encerrou o ano com 174 lojas mais do que no ano anterior (203 aberturas e 29 encerramentos) e 375 lojas remodeladas no período.

A Hebe cresceu vendas, em moeda local, em 26,6%, com o LFL a fixar-se em 17%. Em euros, as vendas totalizaram 469 milhões de euros, 30,9% acima de 2022. As vendas online aumentaram 47,6%, representando c.17% das vendas totais do ano (14% em 2022). O EBITDA aumentou 31,5% (+27,2% em moeda local), com a respetiva margem a atingir 9,1% (9% em 2022). A Hebe abriu 32 lojas no mercado polaco (28 adições líquidas), a que acresceram duas aberturas no mercado checo.

Em Portugal, o Pingo Doce registou “um sólido crescimento das vendas, reforçando a competitividade da insígnia e o desempenho de volumes”. No ano, as vendas cresceram 7,9% para 4,9 mil milhões de euros, com um LFL de 7,7% (excluindo combustível). Para além da remodelação de 60 lojas, o Pingo Doce abriu 11 novas localizações e encerrou uma. A margem EBITDA foi de 5,8% versus 5,9% em 2022.

O Recheio registou vendas a cresceram 15,1% para 1,3 mil milhões de euros, com um LFL de 14%. O EBITDA da Distribuição Portugal cifrou-se em 355 milhões de euros, 9,7% acima do ano anterior, tendo a respetiva margem ficado nos 5,7%, em linha com 2022. A margem EBITDA fixou-se nos 5,4% versus 5,1% em 2022.

Na Colômbia, a Ara via as vendas cresceram 42,7%, com um LFL de 10,9%. Em euros, as vendas atingiram 2,4 mil milhões no ano, 37,7% acima de 2022. “A boa execução do plano de expansão da insígnia levou a Ara a inaugurar 200 localizações, terminando o ano a operar 1.290 lojas”. O EBITDA foi de 45 milhões de euros (60 milhões de euros em 2022), com a respetiva margem a situar-se nos 1,9% (3,4% em 2022). “A forte pressão registada na margem reflete o significativo investimento em preço, a deterioração do mix de margem devido ao trading down e a juventude de uma percentagem elevada do parque de lojas”. Os Custos Financeiros Líquidos foram de menos 174 milhões de euros.

O Programa de Investimento atingiu um valor de 1,2 mil milhões de euros, incluindo o acelerar de aberturas na Biedronka e das remodelações do Pingo Doce e a antecipação de investimento em logística na Colômbia para responder à expansão nos próximos anos.

Quanto às perspetivas para o exercício em curso, “o Grupo enfrenta um período no qual se conjuga, numa intensidade sem precedentes, uma rápida redução dos preços de venda com uma elevada inflação de custos, o que irá continuar a pressionar as nossas margens. Para a inflação nos custos contribuem, essencialmente, e, desde já, a subida dos salários e das rendas nos países em que operamos e, em menor grau, as circunstâncias específicas de cada país no que toca a outras linhas de custos”.

 

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