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Ex-adjunto diz que foi ameaçado com “dois socos” por Galamba

Frederico Pinheiro garante que não agrediu ninguém e que agiu somente em auto-defesa. O assessor disse que a PSP esteve no quarto piso do ministério e que não surgiu nenhum dos membros do gabinete com os quais teve uma altercação. “As pessoas estavam realmente escondidas de mim ou escondidas da PSP?”, questionou.
17 Maio 2023, 15h29

Fredeiro Pinheiro garantiu hoje que não agrediu nenhum membro da gabinete de João Galamba e que agiu apenas em auto-defesa para tentar sair do ministério das Infraestruturas na noite de 26 de abril. Pelo contrário, João Galamba terá ameaçado o ex-adjunto com “dois socos” quando o despediu ao telefone, denunciou hoje Frederico Pinheiro.

“O ministro das Infraestruturas ameaçou-me fisicamente”, declarou, no Parlamento. Questionado por André Ventura se tinha sido ameaçado por João Galamba em levar “dois socos”, respondeu afirmativamente.

“Pelas 20h40 de 26 de abril, o dr. João Galamba comunica-me que estou despedido, em termos absolutamente impróprios. Foi um choque. A chamada dura um minuto e 20 asegundos, em momento algum me refere despacho de exoneracao ou de impedimento de acesso ao ministerio das Infraestruturas”.

“Decido ir ao ministério recolher os meus pertences para não voltar mais ao meu gabinete. Entro como sempre tinha feito, ninguém me proibiu de entrar. Subo ao quarto piso e vejo a dra. Paula Lagarto a vigiar a minha sala, estava à espera que eu fosse o ministério. A dra paula lagarto estava tensa e nervosa, disse-me para dirigir ao chefe de gabinete. Eu recuso e digo que me vou embora. O computador em cima da minha secretaria. Nesse momento, começa a gritar e a chamar a dra Eugenia numa questão de segundos, chega Cátia rosas e eugêni; dizem que eu nao vou levar o computador. nesse momento agarra a minha mochila  e as duas procuram agarrar me nos braços. Rita Penelas também tenta agarrar na mochila. Tenho quatro membros do ministério a procurar tirar-me a mochila. Há um comunicado do ministério enviado para as redações em OFF a dizer que foram as pessoas do ministério que se atiraram para cima de mim para retirar a mochila”, disse hoje Frederico Pinheiro.

“Liberto-me e vou para a garagem pelas escadas. Percebo que me trancaram dentro do edifício. Ligo à PSP e relato o que se tinha sucedido. Peço ajuda. Não houve qualquer agressão. Fui agarrado por quatro pessoas. Fui eu que chamei a polícia. Sou o agredido e não o agressor: tenho relatório médico que descreve os meus ferimentos. Subo as escadas para o piso zero, mas a porta está trancada porque o segurança recebeu ordens. Percebo que estou sequestrado no ministério, fui manietado por quatro pessoas e ninguém me vem ajudar. Nao ha nenhum vidro partido com uma bicicleta ou qualquer outro objeto. As alegações são falsas. Cerca de 20 minutos depois chega a PSP. Entrámos na minha sala e não está lá ninguém. Retiro o computador da minha mochila, relato o que se tinha passado, arrumo as minhas coisas. Um agente da PSP recolhe os meus dados e informam-me que tenho seis meses para fazer uma participação. Estou 10 minutos ali: ninguém saiu das casas de banho, era uma oportunidade de ouro. A PSP fez-se ouvir, mas ninguém respondeu: as pessoas estavam realmente escondidas de mim ou escondidas da PSP? Saio do ministério na presença da PSP que eu próprio tinha chamado. Fui lentamente de bicicleta para casa. Fica claro que não fujo do ministério. Não agredi ninguém, libertei-me em legítima defesa e chamei de imediato a polícia”.

O ex-adjunto de João Galamba está a ser ouvido hoje no Parlamento na CPI da TAP. Frederico Pinheiro acusou João Galamba de querer esconder as suas notas sobre o encontro da ex-CEO da TAP com os deputados do PS para preparar uma audição parlamentar em janeiro, com o objetivo de alinhar o discurso da ex-CEO com o dos deputados socialistas; o ministro das Infraestruturas já rejeitou a acusação, apontando que foi o seu antigo assessor que omitiu as notas do encontro.

Outra das polémicas foi o que se passou na noite quente de 26 de abril. Depois de demitido por João Galamba ao telefone, Frederico Pinheiro dirigiu-se ao ministério das Infraestruturas para recuperar o seu computador com o objetivo de retirar informação que pudesse ser-lhe útil para defesa futura, negando que tenha tentado retirar qualquer documento confidencial do computador (tal como a reestruturação da TAP). O ex-adjunto foi acusado de agredir membros do gabinete de João Galamba, algo que o próprio já negou. Frederico Pinheiro acabou por levar o seu computador, que foi recuperado mais tarde pelos serviços secretos, juntando mais gasolina a esta fogueira de polémicas.

Pelo meio, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a demissão do ministro das Infraestruturas, que chegou a apresentar uma carta de demissão ao primeiro-ministro, mas António Costa segurou João Galamba, com o Presidente da República a criticar publicamente a decisão.

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