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João Soares: “Elevador da Glória? Não entregaria a manutenção a nenhum outsourcing”

O antigo presidente da Câmara de Lisboa criticou a entrega da manutenção deste tipo de equipamentos a empresas fora da Carris: “Para manter elevadores com mais de cem anos, ninguém tem mais experiência do quem está na Carris há vinte e trinta anos”.
4 Setembro 2025, 08h53

João Soares, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, criticou a entrega da manutenção do elevador da Glória e de outros equipamentos semelhantes a um serviço de outsourcing e garantiu que se ainda tivesse responsabilidades autárquicas, nunca entregaria essa manutenção a uma empresa fora da Carris.

O edil, que esteve na autarquia durante doze anos (sete dos quais como presidente), destacou, em entrevista à SIC Notícias, que “tem que haver uma relação de proximidade entre as pessoas que asseguram a manutenção deste tipo de equipamento e a vida destes equipamentos. É quase uma relação de amor”

“A verificação do cabo que faz a ligação entre os dois elevadores era feita numa base diária. Soube que o outsourcing que faz agora essa verificação, fá-lo apenas a cada quatro anos e uma verificação menos rigorosa a cada dois anos. Isto não é aceitável”, referiu.

João Soares considera que “é importante que a Carris saiba acarinhar os seus técnicos” e realça que “se fosse presidente, certificava-me que as pessoas que iam verificar tinham qualidades para fazer essa verificação. Não entregava isso a nenhum outsourcing. Para manter elevadores com mais de cem anos, ninguém tem mais experiência do quem está na Carris há vinte e trinta anos”.

Carris abre inquérito ao acidente

A Carris lamentou a existência de vítimas no descarrilamento do elevador da Glória, em Lisboa, que fez hoje 15 mortos e 18 feridos, e fez saber que abriu um inquérito para apurar as causas do acidente.

“Na sequência do acidente ocorrido esta tarde com o ascensor da Glória, a Carris lamenta a existência de vítimas e está a acompanhar a situação”, revelou a empresa que gere o elevado da Glória numa nota enviada à Lusa.

A Carris disse ainda que “foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção” e que a última inspeção foi realizada no ano passado.

De acordo com a empresa, a manutenção geral que ocorre a cada quatro anos, ocorreu em 2022 e a última reparação intercalar, que é concretizada de dois em dois anos, foi feita em 2024.

“Têm sido escrupulosamente cumpridos os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária”, afirmou.

A empresa disse ainda que “abriu de imediato um inquérito em conjunto com as autoridades para apurar as reais causa deste acidente”.

 

O elevador da Glória, que descarrilou ao final da tarde de quarta-feira, na Calçada da Glória, em Lisboa, é gerido pela Carris.

O ascensor liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.

Na sequência do acidente, a Câmara de Lisboa decretou três dias de luto na cidade e o Governo um dia de luto nacional, que se assinala esta quinta-feira.

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