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Livre: “Dando de mão beijada IRC e IRS Jovem, Governo acha que terá crescimento económico necessário”

Rui Tavares disse esta terça-feira, após reunião com o Executivo, que “a disponibilidade para avançar em medidas sociais, ecológicas e de inovação na economia portuguesa, que implicam um investimento público que Portugal não tem feito nestes anos todos, não está lá”.
O deputado do Livre Rui Tavares intervém na sessão plenária para apresentação do programa do XXIII Governo Constitucional na Assembleia da República, em Lisboa, 08 de abril de 2022. MIGUEL A. LOPES/LUSA
10 Setembro 2024, 13h06

O porta-voz do Livre disse esta terça-feira que o Governo avançou pouco em comparação com a última reunião com o partido, neste encontro que faz parte da segunda ronda de negociações para o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), e continua convicto nas medidas relacionadas com o IRC e IRS Jovem.

“A disponibilidade para avançar em medidas sociais, ecológicas e de inovação na economia portuguesa, que implicam um investimento público que Portugal não tem feito nestes anos todos, não está lá. Portanto, o Governo acha que, dando de mão beijada as receitas do IRC e do IRS Jovem, vai ter o crescimento económico necessário para que estas contas batam certo. Nós achamos bem que as contas batam certo”, afirmou Rui Tavares, à saída da reunião com o Executivo.

Em declarações à imprensa, o deputado da Assembleia da República referiu que a “questão da dívida pública” deixou de ser o tema, como era com o ministro anterior, o que abre agora “espaço para a discussão política”. “A partir de agora, a discussão orçamental é feita de opções ideológicas – no nosso caso, bem distintas das do Governo”, garantiu.

O OE2025 terá de ser entregue no parlamento até ao próximo dia 10 de outubro. Os partidos que apoiam o Governo, PSD e CDS-PP, têm 80 deputados, o que é um número insuficiente para garantir a aprovação do documento, sendo necessária ou a abstenção do PS ou o voto favorável do Chega.

“Temos um Governo que não está perto de aprovar o orçamento. Não está a um ou dois deputados de aprovar o orçamento. Está a trinta e tal deputados de aprovar o Orçamento. O Governo terá de os procurar, nas negociações, com os partidos com esse número de deputados”, lembrou. Logo, considera que existem duas hipóteses: haver um acordo orçamental com aprovação de medidas desse parceiro político, que não o Livre, e rejeição das propostas dos outros ou uma discussão na especialidade aberta.

Rui Tavares fez ainda referência ao fundo de emergência para habitação, proposto pelo Livre,  que inclui 25% do imposto de selo das transações imobiliárias para integração de sem abrigos, entre outros. Este fundo de 100 milhões de euros, incluído no OE2024, não está a ser utilizado porque carece de regulamentação, advertiu. “Lá porque não fomos a correr para uma crise política, as medidas que não granjeiam uma maioria no Parlamento não podem ser desvirtuadas”, concluiu.

A nova ronda de negociações para o OE2025 entre o Governo e os partidos com assento parlamentar, num ambiente de expectativa pela diferença de posições entre as forças políticas da Assembleia da República, arrancou esta manhã, por volta das 10h00.

O Presidente da República, que convocou uma reunião do Conselho de Estado para 1 de outubro, expressou publicamente o desejo da aprovação do OE para o próximo ano. Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a hipótese de um orçamento em duodécimos ou retificativo do PS, à margem da inauguração da sétima edição da Festa do Livro no Palácio de Belém, e defendeu a estabilidade.

“Como imaginam, é completamente diferente ter um Orçamento de Estado ou funcionar com duodécimos. Duodécimos significa ir pegar no Orçamento deste ano e aplicá-lo exatamente, dividindo por 12, no ano que vem”, argumentou o Chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, esclarecendo que a execução do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência implica que “haja estabilidade económica e financeira em Portugal”, o que passa pelo orçamento.

Cada partido tem cerca de uma hora para falar com os porta-vozes do Governo. Do lado do Executivo, estarão então o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.

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