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Livro: “Pensar como Uma Montanha”

Este livro de Aldo Leopold é um marco na história do movimento conservacionista e promove, ainda hoje, o constante debate em torno das questões do nosso planeta.
11 Fevereiro 2023, 11h25

 

 

“O bando emerge das nuvens baixas, um esfarrapado estandarte de aves, mergulhando e erguendo-se, juntando-se e afastando-se, mas avançando, com o vento a batalhar amorosamente a cada bater de asas. Quando o bando não é mais que uma mancha no céu longínquo, ouço o último grasnar, dobrando a finados pelo Verão.”

Originalmente editado em 1949, “Pensar como Uma Montanha”, de Aldo Leopold, foi agora publicado em Portugal pela Maldoror, com tradução de José Carlos Marques. O livro é um marco na história do movimento conservacionista e promove, ainda hoje, o constante debate em torno das questões do nosso planeta.

Nele, Leopold desenvolve o conceito de comunidade da terra, onde se incluem humanos, mas também os solos, a água, as plantas e os animais, e introduz a ideia de uma ética da terra, apelando à responsabilidade moral que todos devemos ao mundo natural, mostrando a terra como um organismo vivo. Reflete ainda sobre a necessidade de uma (r)evolução no pensamento humano e sobre os efeitos do progresso a qualquer preço.

Recorde-se que, na altura da edição original, tinha passado quase um século desde que Charles Darwin produzira os primeiros vislumbres sobre a origem das espécies. Então, o norte-americano deu voz a um movimento que começara a formar-se pouco antes – para o qual ele próprio contribuiu – em defesa das várias criaturas vivas, reconhecendo o seu papel de parceiros do ser humano na odisseia da evolução e exprimindo o profundo desejo de viver e deixar viver e um sentido de maravilhamento diante da magnitude e duração da aventura biótica.

Aldo Leopold nasceu em 1887, em Burlington, no Iowa. Entusiasta do contacto com a natureza desde criança, também pela forte influência dos pais, Leopold enveredou pelo novo curso de Ciências Florestais na Yale Forest School, obtendo o diploma em 1909, o mesmo ano em que entrou para o Serviço Florestal dos Estados Unidos, fundado quatro anos antes.

Em 1933, aceitou o convite da Universidade do Wisconsin para fundar o primeiro Departamento da Vida Selvagem, que presidiu, e onde deu aulas até ao fim da vida. Caçador desde tenra idade, Leopold foi procurando abordagens cada vez menos agressivas do mundo animal. Foi também esta experiência que lhe permitiu refletir sobre a extinção de espécies, os atentados à biodiversidade, a necessidade de seguir uma conduta ética, de pôr em prática o autodomínio, e de evoluir de uma perspetiva antropocêntrica para uma visão ecocêntrica e biocêntrica.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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