Quatro anos depois do seu segundo e ultimo mandato na Casa Branca, o primeiro volume do livro de memórias de Barack Obama é publicado sob o título “A Promised Land” (“Uma Terra Prometida”, tradução livre).
A obra que retrata os momentos mais importantes dos seus dois mandatos — ter sido eleito o primeiro presidente negro, ter reconciliado as ligações com Cuba, criado o Obamacare ou até mesmo a morte de Ossama bin Laden — é publicado, esta terça-feira, em 25 línguas (incluído em português) — duas semanas depois do seu antigo vice-presidente, Joe Biden, ter sido eleito como novo presidente dos EUA.
“Eu concorri [à presidência] para reconstruir a confiança do povo americano — não apenas no governo, mas uns nos outros”, escreve Obama. “Se confiarmos um no outro, a democracia funcionou”, cita o “US Today” excertos da obra.
Mas ainda antes de ter embarcado na viagem que iria convencer os norte-americanos de que era apto para ser o próximo chefe de Estado, Barack Obama teve que convencer primeiro a mulher, e futura primeira-dama, Michelle Obama. O casal não esconde que a política teve um impacto no casamento, e o próprio Obama já admitiu que a razão pela qual se afastou da política deve-se à sua esposa e filhas.
“Sei que o dia em que levantar a minha mão direita e fizer o juramento para ser o próximo presidente dos Estados Unidos, o mundo irá olhar para o país de forma diferente”, disse-lhe. “Sei que as crianças deste país – negros, latinos, crianças que não se sentem integradas – vão ver as coisas de forma diferente. Vão ver os seu horizontes iluminados, possibilidades expandidas. E só isso… faz com que valha a pena”.
A resposta foi suficiente para convencer Michelle.
Quando na página 88, o antigo presidente começa a recontar o inicio da primeira corrida presidencial, em 2007, Obama descreve ter sentido uma ambição inesperada tendo em conta o seu curto cadastro político comparativamente aos seus concorrentes: alguns anos no Senado e uns quantos como deputado estadual no Illinois, tendo passado maior parte do seu tempo como ativista.
“Deus tinha um plano para si, dizem-me. Eu sorrio e digo que só é pena que não o tivessem dito quando eu pensava candidatar-me, pois ter-me-iam poupado muito nervosismo e insegurança”, lê-se na obra.
A partir do momento em que se torna no novo inquilino da Casa Branca, entre 2008 e 2017, o então presidente democrata conta como foi governar um país que atravessou uma a crise económica herdada, a luta para tornar a saúde acessível a todos, repensar o papel dos Estados Unidos no mundo e a crescente crise social que já mostrava sinais de agravamento, deixando espaço para falar sobre a chegada do seu sucessor, Donald Trump, ao poder (espaço esse que deverá ser maior no segundo volume deste livro de memórias).
Para o antigo presidente, a culpa para a eleição do presidente em exercício é dos media. Obama deixa claro que o ricochete do 44º ao 45º presidente não foi acidental, muito pelo contrário. O mero fato dos norte-americanos terem eleito um homem negro educado, inteligente e livre de escândalos foi o suficiente para desencadear a sua antítese.
“[Trump] prometeu um elixir para as ansiedades raciais a milhões de americanos assustados por estar um homem negro na Casa Branca”, escreve.
O primeiro volume de “Uma Terra Prometida” termina com Obama a encontrar-se com a equipa de Navy Seals que matara Osama bin Laden em 2011. O presidente diz que não perguntou quem tinha disparado o tiro fatal e nenhum deles disse. O fim do líder da Al-Qaeda assegurou a reeleição de Obama em 2012. “Osama está morto e a General Motors está viva”, dizia-se na altura, aludindo à forma como Obama tinha enfrentando a crise financeira que herdou.
De acordo com o “New York Times”, a editora de Obama, Crown, vai imprimir 3,4 milhões de cópias para o mercado norte-americano e canadiano e outros 2,5 milhões para leitores internacionais. Já a Penguin Random House, empresa mãe da Crown, imprimiu 1,5 milhões de cópias só para a Alemanha e mesmo assim, com base nas pré-encomendas, espera-se que a oferta não corresponda à procura.
“Eu corri para reconstruir a confiança do povo americano – não apenas no governo, mas uns nos outros”, escreve Obama. “Se confiamos um no outro, a democracia funcionou.”
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